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PR apoia independência do Banco Central

30/05/2017 07:24
PR apoia independência do Banco Central

O Governador do Banco Central de Moçambique elogiou domingo o Presidente da República, Filipe Nyusi, argumentando que garante a independência do banco, e lembrou medidas difíceis como a liquidação de um banco e a subida das taxas de juro.

Respondendo a perguntas da audiência sobre corrupção durante um debate na conferência Horasis Global Meeting, que decorre até terça-feira, em Cascais, perto da capital portuguesa Lisboa, Rogério Zandamela criticou a forte dependência do Governo e o sistema de favorecimento aos empresários com ligações ao poder político, mas sublinhou que no seu caso ocorre o oposto.
'A minha presença no banco foi uma escolha pragmática, perceberam que algo tinha de ser feito. O Presidente da República não interfere no trabalho do Banco Central', disse Zandamela, citado pela agência noticiosa LUSA, exemplificando com o aumento das taxas de juro e a liquidação de um banco com ligações a membros do partido no poder.
'Subimos as taxas para onde tinham de estar e isso nunca foi feito; fechámos um banco, uma coisa inédita, e intervencionámos alguns relacionados com o poder político, que já não eram bancos, mas ou o país caía com eles, ou fechávamos', argumentou o governador.
Segundo o responsável, “a promiscuidade entre finanças, empresários e políticos está no cerne do sistema de funcionamento do país'.
O problema, no seu entender, “não é o dinheiro, mas a mentalidade”.
Zandamela explicou que 'para operar numa determinada área o ambiente empresarial não favorece o negócio nem o crescimento a não ser que o empresário esteja ligado à realidade política do momento'.
Sobre a sua experiência no Banco Central, e pressionado por questões da assistência sobre a independência da instituição, Zandamela declarou: 'O Presidente apoiou muito, honestamente; nunca vi nenhuma interferência política e isso mostra a maturidade do Presidente e da sua equipa'.
Com base na sua experiência à frente do Banco Central, disse também que achava que 'dantes o que acontecia era que era tomada uma decisão, os empresários ou banqueiros corriam para o Presidente a pedir ajuda, e a decisão não era cumprida'.
Assegurando que, no geral, o sistema financeiro de Moçambique é sólido e estável, Zandamela admitiu algumas dificuldades, mas escusou-se a enumerá-las, argumentando que 'o tema é sensível'.
O responsável também não respondeu sobre que trajectória das taxas de juro defendia para o resto do ano.
Ainda assim, criticou os 'bancos internacionais que operam na arena global e chegam a Moçambique e não cumprem as regras internacionais'.
Em Moçambique, apontou, 'todo o banco tem um presidente que é um político sénior, não pela competência técnica, mas sim para garantir que nada se passa sem o controlo deles; não são presidentes, são lobistas'.
(AIM)