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Governo recupera rios poluídos por garimpo no centro do país

07/01/2016 13:51
Governo recupera rios poluídos por garimpo no centro do país

As autoridades de Manica, centro do país, recuperaram quatro dos seis rios poluídos por acção do garimpo em 10 meses de actuação da polícia ambiental, anunciou esta terça-feira o porta-voz do governo local.

Estêvão Rupela afirmou que uma acção coordenada da Força Ambiental e de Fauna Bravia, da polícia moçambicana e do sector dos recursos minerais permitiu a tomada de controlo de áreas devastadas pelo garimpo artesanal, que extrai de forma desregrada o ouro, que depois é lavado e processado com mercúrio e bórax, em cursos de rios.

O responsável garantiu ainda que a actividade eliminou a turvação das águas dos rios Chimeza, Lucite, Nhancuarara e Zambuzi, estando ainda com níveis de poluição os rios Púnguè e Revuè, este último o principal afluente de Chicamba, a barragem que distribui água e energia para a província de Manica.

"A recomendação é que o trabalho iniciado em 2015, que é o fenómeno de estancarmos a poluição dos rios, seja monitorado para permitir que a água seja limpa, para aproveitamento dos animais, do gado bovino, até para permitir a rega das machambas das populações", disse Estevão Rupela em conferência de imprensa de balanço da 33.ª sessão do governo provincial.

O Governo de Manica tinha estabelecido Dezembro passado como data limite para eliminação da poluição de rios, mas os garimpeiros mostraram resistência á operação da polícia ambiental para desactivar as minas ilegais na zona de Mavonde, uma vasta área de actuação ilegal na região transfronteiriça fértil em recursos naturais.

Aquela região é desde há alguns anos palco de conflitos entre garimpeiros moçambicanos e zimbabueanos e entre estes e as autoridades policiais, em torno da exploração de ouro, muitas vezes ilegal, o que forçou o Governo a criar associações mineiras com pequenas concessões, onde é feita a exploração racional de ouro e ambientalmente sã.

No entanto, dados do Governo indicam que o sector agrícola que já se ressentia da prática do garimpo, que fazia com que a água dos rios se tornasse imprópria para a irrigação de campos e abeberamento do gado, levantou a ameaça de segurança alimentar e nutricional na região.

Embora pesquisas tenham determinado que o teor não constituía atentado à saúde humana, a ARA-Centro, entidade gestora das bacias hidrográficas da zona centro de Moçambique, avança que há sinais de metal pesado no sistema de fornecimento de água à cidade da Beira, gerido pelo Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água, FIPAG.