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Um cocktail cultural a volta do Canhu

22/01/2018 11:02
Um cocktail cultural a volta do Canhu

Os “Tembe” do distrito de Matutuine, em Maputo, abriram a época de Canhu do presente ano no posto administrativo de Machangulo perante a presença da administração, liderança local, nativos, sul-africanos e pessoas vindas da Suazilândia.

O evento decorrido no sábado é a quarta edição do Festival de Canhu, organizado pela Associação dos Naturais e Amigos de Matutuine (ANAMAT).

O festival é, na verdade, um pretexto para exaltar hábitos culturais que tecem a irmandade entre os países que acolheram ao local.

A organização estima ter recebido cerca de 8000 pessoas, entre residentes nativos (e não só), antigos habitantes actualmente estabelecidos em diversos lugares, bem como visitantes nacionais e estrangeiros.

No distrito de Matutuine a árvore de canhu é um bem a preservar, pois, conforme creem os nativos, é um canal de comunicação com os antepassados.

Aquele distrito é o primeiro da região a extrair o fruto do qual destila-se o sumo que depois de fermentado transforma-se em bebida alcoólica.

Cada localidade trouxe a sua contribuição para a casa do régulo Tembe, espaço que acolheu o Festival de Canhu, que consistia em potes, bilhas, garrafas…contendo o “sumo” de Canhu, que era distribuído a borla pelos convivas distribuídos pelo pátio.

Conforme explicou Sitembisso Tembe, filho do régulo e herdeiro do regulado, “no dia 17 de Fevereiro vamos fazer a mesma cerimónia na Suazilândia e depois faremos o mesmo na África do Sul”.

Prosseguiu explicando tratar-se de uma tradição dos seus antepassados que, faz questão de frisar, tem as suas origens e laços de familiaridade nos três espaços geográficos que depois da Conferência de Berlim foram separados.

Não obstante, em função da divisão, nunca houve ruptura, de tal forma que Sitembisso Tembe argumenta que um dos significados da efeméride é justamente a reunião desses povos. Reconhecendo que diversas condicionantes os diferem, o herdeiro dos Tembe, disse ver nisso uma espécie de “a união das águas”.

 Uma sul-africana que não quis se identificar contou ter sido a primeira vez que assistiu ao Festival de Canhu e que o mesmo era-lhe familiar as tradições do seu país. “Temos que seguir preservando estes laços que nos unem”, disse.

Artur Muandua, administrador de Matutuine, disse que a festa é, igualmente, um momento de troca de experiência e de união de povos.

“Esta é uma forma de preservar a cultura e mostrar aos residentes a necessidade de o fazer”, disse o dirigente.

Muandua acrescentou ainda que o governo encoraja iniciativas como esta da Associação dos Naturais e Amigos de Matutuine, para que se prossiga no futuro.

O secretário-geral da ANAMAT faz um balanço positivo da 4ª Edição, tendo na aderência uma das bases principais para o sustentar.

Para as próximas edições a expectativa é que os outros distritos vizinhos possam participar do evento.