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Transformar ameaças em oportunidades de desenvolvimento

29/07/2016 12:31
Transformar ameaças em oportunidades de desenvolvimento

O Presidente Filipe Nyusi desafiou hoje ao sector privado a identificar e implementar soluções criativas para transformar as fraquezas e ameaças existentes em novas oportunidades de desenvolvimento de Moçambique.

Nyusi falava na abertura da XIV Conferência Anual do Sector Privado (CASP), em Maputo, que decorreu sob lema “Desafios da Produção Interna na Conjuntura Económica Actual e Perspectivas”.
Tal passará por contrariar a tendência negativa do actual quadro económico que, segundo o Presidente, exige também uma acção proactiva do governo.
“Moçambique enfrenta desafios económicos, sociais e políticos que representam um teste a todos moçambicanos. Há que identificar e implementar soluções criativas e arrojadas para transformar as fraquezas e ameaças existentes em novas janelas de oportunidades, para garantir o futuro das gerações vindouras”, disse Nyusi.
O contexto económico tem-se caracterizado pelo impacto derivado de fraca base produtiva, que se destaca pelo consumo acima da capacidade de produção, o que leva a problemas estruturais com a balança comercial.
Igualmente, assiste-se à redução das fontes de financiamento e atrasos nos desembolsos prometidos, bem como aumento de endividamento externo e queda dos preços dos principais produtos de exportação.
Estes e outros factores reflectem-se na revisão em baixa das projecções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 para 4,5 por cento, quase três pontos percentuais abaixo dos níveis históricos que se situavam na ordem de 7,5 por cento.
A inflação tem subido de forma galopante, atingindo uma taxa média anual de 16,7 por cento. O metical (moeda nacional) desvalorizou-se em cerca de 28 por cento e as reservas internacionais líquidas e exportações continuam a baixar. 
A conjuntura económica e financeira actual reflecte-se também na revisão em baixa da receita programada para 2016, prevendo-se uma redução de 2,2 pontos percentuais do PIB. 
As dívidas contraídas nos últimos anos do ciclo passado de governação, de cerca de 1,4 biliões de dólares norte-americanos, elevaram o stock da dívida para 86 por cento do PIB. 
Contudo, o governo vê a necessidade do défice público ser coberto pelo incremento das receitas internas sendo, para tal, necessários cortes significativos da despesa pública, com destaque para despesas correntes.
A resposta governamental para a actual situação passa também por encontrar soluções ao nível do aumento da produção, produtividade e competitividade, para gerar mais receitas fiscais, emprego e renda familiar. 
“A premissa básica é de que o país deve produzir, transformar e diversificar. Vamo-nos manter firmes e resolutos para melhorar a qualidade e eficiência do investimento público. Vamos racionalizar a despesa pública, vamos remover os obstáculos que ainda constrangem o desenvolvimento de negócios em Moçambique”, assegurou Nyusi.
Por seu turno, o sector privado reconheceu o quadro mencionado como uma fase “bastante difícil” para empresas e economia.
O Presidente da CTA, Rogério Manuel, disse que com as recentes medidas de política monetária, o endividamento privado aumentou, caminhando para níveis de insustentabilidade.
“Ninguém deseja que se chegue ao ponto de se deteriorar ainda mais a situação económica do país, casos do aumento do crédito malparado no sistema bancário, falência de empresas, e maior desemprego”, disse.
Respondendo ao desafio lançado, a CTA afirmou que as empresas precisam dum ambiente favorável, em que têm menores custos de transacções, gozam de rapidez na tomada de decisão de processos e eliminação de toda a burocracia estatal, o que permitirá maior acção no processo de produção.
Apesar do Presidente Nyusi ter prometido remover os obstáculos que ainda constrangem o desenvolvimento de negócios no país, a CTA avançou algumas propostas que afirma poderem ajudar a ultrapassar os actuais desafios.
Trata-se do fim do conflito político-militar; reconquista da confiança e credibilidade junto dos parceiros de cooperação por parte do governo; tomada de medidas de índole fiscal, que estimulem a produção interna; implementação do conteúdo nacional na despesa em bens e serviços e definir um plano de implementação, entre outras.
(AIM)