Imprensa

Paz efectiva e sustentável não deve ser a qualquer custo

26/08/2016 07:56
Paz efectiva e sustentável não deve ser a qualquer custo

–O Presidente da República, Filipe Nyusi, repudiou hoje as sucessivas exigências que a Renamo tem vindo a colocar na mesa de diálogo como condição para a cessação das hostilidades militares em Moçambique, vincando que uma paz real não deve ser a qualquer custo.

Nyusi, que falava esta quinta-feira, na cidade da Beira, em conferência de imprensa que marcou o fim da sua visita de trabalho de quatro dias a província central de Sofala, defendeu que uma paz real deve ser trazida também de forma real e sustentável, “porque ninguém nos garante de que a posição que formos a tomar emocionalmente hoje é a posição que todo o povo quer”.
“Temos que encontrar uma solução que seja sustentável, viável. Não rasgar a Constituição da República, não depor abaixo a democracia que é uma realidade neste país, onde ciclicamente as pessoas vão as urnas para diferentes tipos de eleições”, afirmou.
Recordou que no país foram assinados acordos que, depois, não trouxeram a paz efectiva, a excepção, segundo disse, do acordo de Lusaka (1974), que culminou com a independência de Moçambique.
Neste contexto, Nyusi disse que o país não pode continuar a rubricar acordos sucessivos sobre a mesma matéria, devendo se terminar com a lista dos acordos “que tende a se perfilar no dossier da nação”.
“Temos de continuar a ser um povo sério, firme, e um povo que não se emociona para poder ter o seu desenvolvimento, um povo não manipulável. É esse o esforço que estamos a fazer e acreditamos que os moçambicanos também todos estão nesse sentido”, disse Nyusi.
Falando, concretamente, sobre uma das exigências que a Renamo colocou na mesa do dialogo, ora em curso, condicionando a cessação dos ataques armados que vem protagonizando em diferentes regiões do país ao recuo das Forças de Defesa e Segurança das suas posições, Nyusi disse não saber o alcance deste posicionamento, pois não se diz para onde recuar.
“Recuar para onde? Esse é que é o problema porque os ataques surgem em Maúa, surgem em Morrumbala, surgem em vários pontos, portanto, recuar para onde?”, questionou, acrescentando, porém, ser necessário deixar esta matéria para a comissão mista de diálogo.
Durante os comícios que ele orientou nos locais onde escalou, a população pediu a continuação dos esforços para o restabelecimento da paz o mais rápido possível.
O Presidente da República disse ser este o desejo de todos os moçambicanos, anotando ser importante que todos os passos a serem dados para a paz sejam acompanhados pelo povo. 
“O que podemos fazer é ter optimismo, porque gostaríamos que a paz fosse amanha, hoje ou ontem, mas o que estamos a fazer é encurtar o tempo de espera, pois a população não pode continuar a morrer ou a viver sem esperança”. 
Sobre as mensagens de apelo `a paz transmitidas pela população ao longo da visita a Sofala, Nyusi disse ser um desejo de todos os moçambicanos, pois, o povo não tem outra alternativa, senão apelar e lutar para que haja paz no país. 
“Este é um esforço comum. O que nós estamos a fazer é, em todos os momentos, usar a nossa disponibilidade para trazer a paz em Moçambique, o mais rapidamente possível”, afirmou.
Na ocasião, Nyusi elogiou a convivência pacífica que se vive no Município da Beira, que, actualmente, é dirigido pelo segundo maior partido da oposição, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), vincando ser um exemplo de que, no país, não há motivos para os moçambicanos se guerrearem
“Como sabem, o município da Beira é dirigido pela oposição, mas o ambiente que se vive é totalmente democrático, um ambiente que encoraja que, afinal, os moçambicanos, juntos, podem trabalhar e, quanto a nós, é uma amostra importante para dizer que não há motivos para os moçambicanos se guerrearem, porque, de facto, existe espaço onde todos nós podemos trabalhar”.
Aliás, o Chefe do Estado moçambicano fez esta observação com base nas constatações feitas durante a visita a esta parcela do país.
Durante quatro dias, Nyusi escalou, sucessivamente, os distritos de Machanga, Marromeu, Caia, Nhamatanda e a cidade da Beira, onde, para além de orientar comícios populares e encontros com os governos locais, visitou e inaugurou alguns empreendimentos económicos e dialogou com vários segmentos da sociedade.
(AIM)