País deve tirar benefícios do uso da energia atómica
Moçambique deve tirar proveito do uso da energia atómica e para tal é imperioso que defina as áreas prioritárias para o investimento.
A recomendação foi dada na sexta-feira, em Maputo, por especialistas da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), durante a realização de uma palestra sobre a matéria.
Ronald Patcheco, da Unidade de Controlo de Fontes de Radiação, deu como um dos exemplos positivos da utilização da energia atómica, a esterilização da mosca da fruta com recurso aos raios gama, no Chile.
Segundo Patcheco, a utilização deste método permitiu que a produção de frutas e vegetais naquele país da América Latina aumentasse em cerca de 1.6 bilião de dólares norte-americanos, para além da melhoria da qualidade destes alimentos.
A fonte avançou que a energia atómica é também usada para combater a degradação dos solos e melhorar a sua fertilidade, bem como previne a poluição das fontes de água, entre outras aplicações na indústria automóvel e electrónica.
O responsável pela Unidade de Controlo de Fontes de Radiação da AIEA referiu que esta organização vinculada à Organização das Nações Unidas tem igualmente trabalhado com organizações ambientalistas internacionais para impedir a acidificação dos oceanos, causada pelas emissões de dióxido de carbono.
Falando na ocasião, o director-geral da Agência Nacional de Energia Atómica (ANEA), Alexandre Maphossa, disse que o país já deu passos significativos para uma utilização benéfica deste material, através da criação da entidade reguladora e a aprovação da lei sobre a matéria.
Segundo Maphossa, a instituição moçambicana poderá contar com o apoio técnico da Agência Internacional de Energia Atómica, no que diz respeito ao fornecimento de material e formação de especialistas.
A palestra subordinada ao tema “A Experiência da Agência Internacional de Energia Atómica para Moçambique”, teve também como oradores Ahmad Ai Katibeh, conselheiro especialista e chefe da delegação, John Kenneman, da área de Energia Nuclear dos Estados Unidos da América, e Alfredo de los Reyes, chefe dos programas do Conselho de Segurança Nuclear.
O Governo criou, em 2009, a Agência Nacional de Energia Atómica, uma entidade de direito público que visa a segurança e protecção de bens e do meio ambiente contra a exposição à radiação ionizante.
No ano passado, o Presidente da República, Filipe Nyusi, promulgou a Lei de Energia Atómica, que prevê um regime legal de uso pacífico e seguro, com o objectivo de proteger pessoas, bens e o meio ambiente.
De acordo com o dispositivo legal, actividades envolvendo materiais radioactivos podem ser licenciadas, mas só se os benefícios forem claramente superiores a eventuais riscos.
A lei refere também que as entidades que lidarem com tais materiais são responsabilizadas pela segurança de eventuais resíduos e devem assegurar que os mesmos sejam eliminados em segurança. Proíbe igualmente a importação de resíduos radioactivos, assim como a produção, compra ou importação de armas nucleares.