Nyusi pede mais apoio ao governo norte-americano
O Presidente da República, Filipe Nyusi, pediu hoje o governo norte-americano para continuar a ajudar Moçambique, pelo menos nos sectores sociais mais sensíveis como o da saúde.
O estadista solicitou que os norte-americanos apoiassem concretamente a área do HIV/SIDA, em que aquele país é piloto no tratamento.
O pedido foi formulado durante uma audiência que o Chefe de Estado moçambicano concedeu, em Maputo, a uma missão de congressistas do Senado norte-americano, composta por seis membros, entre republicanos e um democrata.
A missão encontra-se em Moçambique para colher algumas sensibilidades sobre as formas de ajuda que país necessita para sair da crise económica e financeira que vive.
As áreas que mereceram destaque são as de segurança fronteiriça, alfandegas, migração, comércio, justiça, controlo da actividade criminal e gestão da coisa pública.
Dirigindo-se ao grupo, Nyusi sustentou o seu pedido apontando a crise vivida no país, agravada pela suspensão do apoio financeiro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros parceiros que financiavam directamente Orçamento do Estado, entre outras factores.
Há algumas carências que o governo está a viver. Gostaria que continuassem a ajudar. Pelo menos, aos sectores sociais, ajudar a situação de saúde, com os tratamentos que o vosso país é piloto na área de HIV/Sida. É porque não há como. São pessoas que iniciaram tratamento, porque senão todo o esforço anterior não vai ter sentido, o que significa que vai ser descontinuado, pediu o Presidente.
Nyusi destacou a importância da vinda dos congressistas ao país pois, segundo ele, vai reforçar as relações existentes, bem como o exercício democrático em Moçambique.
Disse ter sido uma oportunidade para a troca de impressões sobre aspectos relacionados com a paz, bem como discutir sobre os apoios norte-americanos na área da saúde.
O estadista garantiu que o governo moçambicano vai criar condições para que o grupo possa ter a informação de que necessita, sobre a verdadeira imagem do país.
Quanto à paz, Nyusi disse tratar-se de uma preocupação enorme para o povo moçambicano e que, pessoalmente, está envolvido no processo de restauração, embora ponderando e tolerando às provocações da Renamo, o principal partido de oposição.
Nas condições normais, não há nenhum partido político no mundo representado num parlamento que fica armado. Mas, nós temos este caso em Moçambique, um caso inédito, mas espero que o mundo um dia estude o tipo de democracia que o meu país vive. Mas, mesmo assim, estamos a priorizar o diálogo, disse.
O Presidente lamentou, perante a delegação norte-americana, o facto de, mesmo em presença dos observadores internacionais solicitados pela Renamo no processo de diálogo pela paz, não haver evolução satisfatória.
Não há muita evolução, porque a maior evolução que o povo moçambicano espera é a cessação de hostilidades. As populações são atacadas quando circulam pela estrada. Portanto, as pessoas são mortas e os bens saqueados, incluindo ataques aos postos médicos e algumas autoridades locais, informou o estadista.
Nyusi informou aos congressistas que os pontos prioritários para o governo são a cessação dos ataques e o desarmamento da Renamo, mas que, para a Renamo, a preocupação é governar as seis províncias que alega ter ganho nas eleições de 2014, daí o impasse.
As estatísticas não dizem isso, e, também, as regras das eleições não eram estas, informou o Presidente.
Mesmo perante os sucessivos ataques da Renamo, Nyusi assegurou que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) nunca enveredaram pelo mesmo, mas sim por defesa. Temos dito às Forças de Defesa e Segurança a continuarem a defender às pessoas e bens, que não estamos numa fase de ataque, mas da defesa.
Nyusi sugeriu aos congressistas a irem além da posição oficial, do governo, e ouvirem as diversas versões durante a sua estadia em Moçambique, nomeadamente da oposição e sociedade civil, pois só assim terão informação consistente e necessária para poderem ajudar o povo a sair da crise.
Entre outros assuntos, Nyusi informou também sobre a situação da dívida, tendo dito que o país está a trabalhar com o FMI para corrigi-la com maior transparência e abertura possíveis.
Os congressistas norte-americanos encontram-se em Moçambique desde esta terça, numa missão chefiada por Bob Goodlatte, Presidente do Comité da Câmara sobre o Judiciário. A missão trabalhará em Moçambique próxima sexta-feira.