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Moçambique substitui gasóleo com alto teor de enxofre

09/11/2016 11:12
Moçambique substitui gasóleo com alto teor de enxofre

Moçambique espera substituir, até 2020, o consumo de gasóleo com 500 para 50ppm (parte por milhão) do teor de enxofre, sob pena de ver mais cara a factura do país na importação deste derivado de petróleo largamente usado em veículos e máquinas.

Para o efeito, a cidade de Maputo é epicentro desde esta segunda-feira de um seminário regional de dois dias subordinado ao lema “ Promoção do baixo teor de enxofre nos combustíveis em Moçambique e nos países vizinhos”, que congrega instituições públicas e empresas da região responsáveis pelo sector dos combustíveis. 

O encontro, co-organizado pelo Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) e a Organização das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), visa harmonizar as especificações de combustíveis e, por conseguinte, reduzir o alto teor de enxofre nos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, que é um dos principais poluentes do meio ambiente, causador de doenças cancerígenas, pulmonares e respiratórias.
O director nacional de hidrocarbonetos e combustíveis, Moisés Paulino, disse que os governos de países da região pretendem implementar um programa de redução do teor do enxofre nos combustíveis, particularmente o enfoque no gasóleo (diesel), cuja refinação de 500ppm está cada vez mais a reduzir no mercado da refinação.
“As grandes produtoras e refinarias deixarão, a breve trecho, de produzir o gasóleo de 500ppm e nalguns casos eliminar, passando a fornecer ao mercado apenas o gasóleo de 50 até mesmo 10ppm”, disse Paulino, acrescentando que a medida deriva da crescente necessidade de cuidar da saúde pública e preservar o meio ambiente, a nível global.
Devido ao posicionamento geo-estratégico, o país possui infra-estruturas essenciais no abastecimento de combustíveis aos países da região (Malawi, Swazilândia, Zâmbia e Zimbabwe e uma parte da África do Sul). Recebe combustíveis nas terminais oceânicas que são distribuídos pelos países membros do bloco.
Estamos a preparármo-nos para garantir que qualquer veículo que entra no país funcione normalmente”, disse Paulino, apontando que o mesmo aconteceu, em 2005, quando o país deixou de usar a gasolina com chumbo para adoptar a sem chumbo que confere mais vida as viaturas do país. 

No seminário de Maputo, os países pretendem garantir, segundo a fonte, que nos próximos dois a cinco anos as infra-estruturas existentes estejam prontas para receber o combustível de 50 a 10ppm, na perspectiva de proteger o ambiente, dar mais vida as nossas viaturas.
O encontro de Maputo é antecedido de um evento similar havido, em Julho, na cidade sul-africana de Joanesburgo, promovido pela UNEP. O de Joanesburgo, denominado programa de redução do teor de enxofre, contou com a participação de delegados de 13 países da SADC, incluindo Moçambique. 
Na ocasião, os países importadores renovaram o compromisso de adoptar, até Janeiro do ano em curso, a implementação de um programa de consumo de combustível com baixo teor do enxofre dos actuais 500 para 50ppm no gasóleo.
Todavia, no outro seminário acerca da matéria, havido no Botswana, os estados assumiram o compromisso de envidar esforços com vista a efectivar a migração do gasóleo de 500 ppm para 50ppm até 2020, cabendo a cada país desenhar estratégias de comunicação, divulgação e implementação. 
Segundo a UNEP, oito países africanos já migraram para o combustível de 50ppm. Entre estes países está o Burundi, Ruanda, Quénia, Uganda, Tanzânia e Tunísia. Marrocos já está a consumir o gasóleo de 10ppm. O Gana, país da Africa ocidental, caminha rumo a adopção do diesel de 50ppm.
O parque automóvel dos países é, segundo a UNEP, responsável pela entrada das partículas do enxofre no ar respirado pelos humanos, situação que para além de perigar a saúde pública concorre para o aumento do carbono preto.
(AIM)