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Moçambique e RASD formalizam consultas políticas

23/02/2017 07:43
Moçambique e RASD formalizam consultas políticas

Moçambique e a República Árabe Saharaui Democrática (RASD) rubricaram hoje, em Maputo, um memorando de entendimento sobre consultas políticas entre os dois países e no âmbito da União Africana (UA).

O facto ocorreu no final de conversações oficiais entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e seu homólogo saharaui, Brahim Gali, que se encontra de visita oficial ao país desde terça até quinta-feira da semana em curso.
A visita surge em resposta ao convite formulado nesse sentido pelo estado moçambicano com o objectivo de aprofundar as relações históricas de amizade, solidariedade e de cooperação político-diplomática entre os dois países, e reforçar a cooperação no âmbito da UA. 
O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi, disse ainda hoje, em conferência de imprensa, que os dois presidentes passaram em análise a situação política na RASD no contexto africano e internacional.
“Depois da admissão de Marrocos na União Africana, durante a última cimeira da organização em Adis-Abeba, tem-se registado uma evolução nas relações entre a RASD e Marrocos. A questão é ver se este país (Marrocos) honra ou não os seus compromissos sem condicionalismos”, disse Baloi.
Ele afirmou que com a adesão, a RASD pretende ter garantias de que vai recuperar parte do seu território ocupado pelo Marrocos.
A mesma situação, segundo o ministro, deveria significar o reconhecimento e respeito pleno da soberania da RASD como reza a Carta da UA que preconiza o respeito pelas fronteiras e não ocupação de territórios alheios com recurso ao uso da força.
“A visita tinha dois objectivos: a primeira era reforçar as relações de amizade e cooperação entre os dois países, e o segundo era passar em revista o ponto da situação no terreno a luz da adesão a União Africana”, sublinhou o ministro.
Na área económica, Baloi disse que os dois Chefes de Estado fizeram uma abordagem sobre o potencial económico que a RASD possui.
Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros da RASD, Mohamed Salem Salek, disse que a adesão deve traduzir-se no fim da violação dos direitos humanos no território saharaui por parte de Marrocos.
“Moçambique tem sempre estado na vanguarda nos processos de paz em África, tendo liderado com sucesso as iniciativas de pacificação em Madagáscar, Comores e noutros países. Agora, a UA está interessada em ver o conflito entre Marrocos e a RASD resolvido”, destacou Salek.
Segundo o diplomata, Marrocos não pode aderir a UA com interesse de desestabilizar, frisando que o fim da ocupação abrirá espaço para a discussão de outros assuntos, num ambiente de paz.
Os africanos podem discutir e resolver os seus problemas em família, disse Salek. Acrescentou que a sua Esperança é de que não haja ambiente de manipulações políticas contra a RASD dentro da organização continental.
(AIM)