Moçambique e China unidos numa "parceria estratégica global"
Os governos de Moçambique e da China acordaram hoje, em Beijing, o estabelecimento de uma 'parceria estratégica global', anunciou o vice-ministro chinês dos negócios estrangeiros, Zhang Ming. A decisão foi tomada durante as conversações havidas entre as delegações de ambos os países chefiadas pelos respectivos presidentes, Filipe Nyusi e Xi Jinping, que tiveram lugar no Grande Salão do Povo, na capital chinesa.
Esta parceria, disse Zhang, 'deverá incluir a cooperação em todas as áreas, política, segurança, económica, comercial, cultural etc.'. Ambas as partes também acordaram 'reforçar a cooperação política em áreas de importância vital'.
'Moçambique é um país com uma longa costa', disse o vice-ministro, para de seguida acrescentar que 'a China gostaria de reforçar a cooperação na área de economia marítima'.
Escusando-se a revelar mais detalhes, Zhang disse que ambas as delegações acordaram em princípio 'reforçar a cooperação em matérias de segurança e ordem pública', e 'ajudar Moçambique a aumentar a sua capacidade de defesa'.
Antes das conversações, Nyusi foi recebido com as devidas honras militares para um Chefe de Estado, no pátio do Grande Salão do Povo, em frente à Praça de Tiananmen, onde foi saudado por uma salva de 21 tiros de canhão, para depois passar em revista nos três ramos das forças armadas.
Minutos após as conversações, Nyusi e o seu homólogo chinês, testemunharam a assinatura de cinco acordos.
Um dos acordos visa desenvolver a capacidade produtiva em Moçambique. Segundo Zhang, este acordo visa incentivar mais empresas chinesas a investir em Moçambique particularmente na indústria de manufacturação, agricultura e desenvolvimento de infra-estruturas.
Outro acordo visa a criação de zonas económicas especiais. Zhang anotou que Nyusi visitou a província chinesa de Jiangsu no segundo dia da sua visita de Estado àquele país asiático, que se destaca pelo desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia. Ao longo desta semana Nyusi também tem agendado uma visita a província de Shandong.
Aliás, o estadista moçambicano já havia manifestado interesse em visitar aqueles pólos de desenvolvimento e suas instituições de formação técnica e profissional.
Os restantes três acordos referem-se à construção de um Centro Cultural Sino-Moçambicano, em Maputo, cooperação entre Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique (ENH) e a companhia China National Petroleum Corporation (CNPC), bem como a oferta de um donativo de trigo à Moçambique.
Não foram divulgados detalhes sobre o donativo de trigo, ou sobre a data provável da sua chegada a Moçambique. Refira-se que Moçambique precisa urgentemente de assistência alimentar para apoiar as vítimas da seca que afectou as regiões sul e centro do país.
Questionado sobre os problemas económicos que Moçambique enfrenta, Zhang disse que 'Moçambique e China são bons amigos e isso já foi demonstrado nos momentos bons e difíceis'.
Sobre a assistência que a China poderá eventualmente oferecer a Moçambique, Zhang disse como resposta 'incentivar as empresas chinesas a investir em Moçambique, e providenciar tecnologia e equipamentos e cooperação financeira'.
A cooperação é para 'mútuo benefício', disse Zhang, para de seguida sublinhar que 'ajudar Moçambique é ajudar a nós mesmos'.
Nenhum membro da delegação moçambicana falou durante a conferência de imprensa.