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Moçambique colhe primeiras espigas do milho geneticamente modificado

14/08/2017 10:10
Moçambique colhe primeiras espigas do milho geneticamente modificado

Moçambique, através do seu Instituto de Investigação Agrária (IIAM), está, desde a semana passada, na fase de colheita do primeiro ensaio do milho geneticamente modificado (Milho-GM) no campo confinado da estação do Chókwè, na província meridional de Gaza.

Esta actividade visa, segundo escreve o “Diário de Moçambique”, em caso de resultados positivos, dar assistência necessária ao sector produtivo com a disponibilização de semente resistente à seca e/ou tolerante a insectos.

Tendo em conta a época agrícola (a primeira, caracterizada por chuvas abundantes, sobretudo na zona sul da província, onde estão sendo feitos os estudos, numa área estimada em cerca de 0.25 hectares), foram colocadas em teste preliminar 14 variedades. As mesmas fazem parte da componente resistência a insectos, um dos principais factores que ciclicamente têm concorrido para o registo de baixa produção e produtividade do referido cereal no seio dos camponeses e/ou produtores nacionais, principalmente aqueles desprovidos de recursos financeiros para a aquisição de insecticidas/pesticidas para combater pragas que devastam seus campos.
No segundo ensaio, cuja sementeira está prevista para ainda este ano, serão testadas variedades que resistem à seca, outro dos aspectos tidos como responsáveis pelo insucesso da produção do milho, em consequência das mudanças climáticas que já se fazem sentir no país, afectando sobremaneira o sector agrícola.
Os trabalhos nesse sentido estão sob a égide do IIAM, instituição governamental responsável pelo projecto WEMA (Water Efficient Maize for Africa), do qual fazem parte Moçambique, Tanzania, África do Sul, Quénia e Uganda, através dos respectivos institutos de investigação agrária.
“Nesta primeira fase fizemos testes para avaliar a resistência a insectos e fomos monitorando durante os últimos meses, desde a sementeira feita em Fevereiro até ao momento “, disse Pedro Fato, pesquisador de milho no IIAM, citado pelo jornal.
“Hoje (segunda-feira), estamos para iniciar o processo da colheita para análises preliminares, ou seja, um dado adquirido no processo da pesquisa WEMA implementada pelo IIAM. Vamos analisar a parte do rendimento da cultura e avaliar até que ponto o gene da resistência a insectos funciona nas condições de Moçambique”, explicou.
Por seu turno, a directora-geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, Olga Fafetine, sublinhou que em todo aquele processo, o objectivo é que “no final o país tenha semente de milho manipulado de modo a favorecer as características desejadas, tanto para a componente resistência a pragas quanto a tolerância à seca”.
Os testes do milho geneticamente modificado, proveniente dos Estados Unidos da América, inserem-se nas actividades do WEMA, um projecto de pesquisa agrária visando o desenvolvimento de novas variedades para a tolerância à seca e resistência a insectos.
Moçambique já consome produtos geneticamente modificados, importados de países já avançados na matéria, a exemplo do Brasil e África do Sul, sem qualquer impacto negativo na saúde humana e/ou no ambiente, segundo as autoridades nacionais ligadas à biossegurança.
(AIM)