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Moçambique: Fundos condicionam conclusão das obras da estrada Beira-Machipanda

30/11/2018 08:21
Moçambique: Fundos condicionam conclusão das obras da estrada Beira-Machipanda

A falta de fundos para a realocação da tubagem ao longo do traçado das obras de reabilitação e ampliação da estrada Nacional Número Seis, que liga a cidade da Beira à vila fronteiriça de Machipanda com o vizinho Zimbabwe, numa extensão total de 287 quilómetros, está a condicionar a conclusão da empreitada.

O delegado da Administração Nacional de Estradas (ANE) em Sofala, Daniel Machaie, que revelou esta semana o facto ao “Notícias”, não especificou o montante necessário, por estar incluso num pacote global que abrange o eixo da vizinha província de Manica.
Dados recentemente facultados pelo Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine, indicavam ser necessários cerca de 150 milhões de dólares norte-americanos para o reassentamento das comunidades afectadas pelo projecto no cruzamento de Inchope, em Manica, para a prossecução das obras de uma passagem desnivelada que constituirá o principal atractivo.
Por isso, Machaie apontou que depois das obras conhecerem uma execução na ordem de 95 por cento na sua área de jurisdição não se sabe até quando vai ser a realocação da conduta adutora das água nas zonas da Cerâmica, portagem, incluindo proximidades da 
Escola Secundária do Dondo, devido à falta de fundos. Consequentemente, a fonte não prometeu a data de conclusão das obras, mas indicou que o transtorno vai obrigar a manutenção do estreitamento do traçado até decisão final.
Fora disso, o jornal apurou ainda junto do delegado da ANE em Sofala que tal empreitada enfrenta problemas no lado da vizinha província de Manica, concretamente na remoção das barracas no cruzamento de Inchope.
Tudo isto acontece numa altura em que já foram concluídas as portagens de Vanduzi, na cidade de Chimoio, e Nhamatanda, enquanto infra-estrutura semelhante localizada na cidade do Dondo, que é de maior dimensão da via, com 20 pistas, também está concluída.
Em termos financeiros, este revês não exigiu até agora qualquer implicação financeira por parte do Governo de Moçambique, mas o empreiteiro acumulou prejuízos na retenção dos trabalhadores, decorrendo negociações entre ambas as partes para uma saída airosa, segundo indicações de Daniel Machaie.
Tratou-se, no geral, de cerca de 800 famílias afectadas pelo traçado do projecto, incluindo dezenas de casas e estabelecimentos comerciais, uma conduta adutora de águas em 3539 metros, a fibra óptica das Telecomunicações de Moçambique em 39.469 metros, cabos eléctricos da Electricidade de Moçambique em 38.525 metros, o pipeline de bombagem de combustível Moçambique-Zimbabwe em 5651 metros, entre outros.
Avaliado em mais de 410 milhões de dólares norte-americanos financiados pelo Governo de Moçambique e pelo Eximbanck da China, o projecto de reabilitação e ampliação da estrada Beira-Machipanda, executado pelo empreiteiro de origem chinesa denominado AFECC, decorre desde 1 de Abril de 2015 e estava previsto que fosse concluído até 31 de Março de 2018.
O projecto consistiu na abertura de seis postos policiais, uma báscula para o controlo de carga nos dois sentidos, sem interferência do tráfego, e 50 pares de paragens com sombreiras impermeáveis para os passageiros, sendo que o cruzamento de Inchope terá como principal atractivo uma passagem desnivelada.
No pico da sua execução chegou a empregar 1350 trabalhadores, dos quais 1150 nacionais e restantes 200 expatriados. 
Está dividido em secções, alargando a via para duas faixas de rodagem entre Machipanda e Dondo, quatro de Dondo ao Bazar Filipe, finalmente seis de Bazar Filipe à Rotunda do Goto, na cidade da Beira.
Por outro lado, a empreitada compreendeu a construção da segunda ponte sobre o rio Púnguè e a reabilitação da anterior, sendo que o crónico problema das águas que galgavam o eixo Mutua-Tica, no baixo-Púnguè, passa assim definitivamente para a história com o levantamento da quota naquele troço crítico em 1,5 metros que, consequentemente, garante maior fluidez do tráfego com alto nível de segurança dos automobilistas, passageiros e peões.
A estrada, que regista um intenso tráfego médio diário acima de três mil veículos, entre pesados e ligeiros, também beneficia outros países do “hinterland” que se servem do Porto da Beira, com intenso tráfego médio diário de 700 viaturas na entrada e saída daquele recinto nas suas importações e exportações de mercadorias de e para o Zimbabwe, Malawi, Zâmbia, Botswana e a RDCongo.
Com a conclusão da obra espera-se que seja substancialmente impulsionada a economia e a livre circulação de pessoas e bens ao nível de alguns países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), reduzido o tempo de viagem dos utentes de seis para quatro horas entre Beira e Machipanda, incluindo os custos de operação dos veículos automóveis cujos danos são maioritariamente provocados pela acentuada degradação da rede viária.
(AIM)