Mais de cinco mil pessoas esperadas hoje nas celebrações do Gwaza Muthine, em Marracuene
Mais de cinco mil pessoas são esperadas hoje, na vila de Marracuene, província de Maputo, para as celebrações dos 123 anos do Gwaza Muthine.
Para responder ao intenso movimento, as autoridades distritais já criaram comissões de trabalho visando assegurar um ambiente calmo e ordeiro nas celebrações do 2 de Fevereiro.
Este ano a celebração vai culminar com uma homenagem a Dilon Djindje, músico da velha-guarda residente em Marracuene, que este ano celebra noventa anos de idade e setenta de carreira.
A Batalha de Marracuene (Gwaza Muthini), evoca a resistência anti-colonial que opôs guerreiros comandados por Nwamatibyana, Zihlahla, Mahazule, Mulungu e Mavzaya ao exército colonial português, em 1895.
A força portuguesa, comandada pelo major José Ribeiro Júnior e tendo como segundo-comandante o major Alfredo Augusto Caldas Xavier, avança para Marracuene, na margem direita do rio Incomáti. Devido a doença do major José Ribeiro Júnior a força passa a ser efectivamente comandada pelo major Caldas Xavier, o qual foi o responsável quase único pela condução das operações. Integravam a expedição 37 oficiais e 800 soldados.
Ao aproximarem-se do local, as forças militares portugueses entrincheiraram-se num quadrado militar e prepararam-se para o combate. O confronto dá-se na madrugada de 2 de Fevereiro de 1895. A força portuguesa, disposta em quadrado, vale-se do poder dos canhões e metralhadoras e consegue rechaçar os assaltos das forças ronga, que por duas vezes romperam o quadrado, com enorme bravura de ambos os lados.
As cerimónias centrais desta efeméride têm lugar no distrito de Marracuene, onde é realizado o habitual “kuphahla” (evocação dos espíritos dos antepassados), seguido de uma deposição de flores junto ao monumento aos guerreiros e a entoação do Hino Nacional e dos discursos de praxe.
A Batalha de Marracuene foi uma série de combates que se deram no local, no âmbito da resistência à ocupação portuguesa.
Do ponto de vista português, essas batalhas eram conhecidas por Campanhas de conquista e de Pacificação.
Entretanto, a celebração desta data não é de todo original do Estado moçambicano.
Um ano após a Batalha de Marracuene, em 1896, as autoridades coloniais portuguesas celebraram o “Gwaza Muthini”, mas em memória dos soldados portugueses mortos na batalha.
A celebração, por parte de Moçambique, teve início em 1974, tendo havido na época apenas três celebrações, em 1974, 1975 e 1976.
A mesma voltou a ser reactivada pelo empresário moçambicano António Yok Chan, em 1994, e desde então começou a ser regular.
Esta data tem sido associada nos últimos anos ao “Festival Marrabenta” e a outras actividades culturais que terão como o ponto mais alto um espectáculo musical denominado “Festival Marrabenta Gwaza Muthini”.
Uma outra atracção deste evento é o “ukanyi”, uma bebida preparada na véspera das festividades para que esteja disponível em quantidades suficientes para todos.