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MOÇAMBIQUE: Empresas chinesas querem investir capitais privados

26/04/2019 07:50
MOÇAMBIQUE: Empresas chinesas querem investir capitais privados

Algumas grandes empresas chinesas estão dispostas a recorrer a capitais privados para investir em projectos de desenvolvimento em Moçambique, desde que estes estejam devidamente enquadrados nos planos anuais ou quinquenais do governo. 

Trata-se, entre outras, de obras de reposição da Estrada Nacional Número Seis (EN6), entre Beira e Machipanda (na fronteira com o Zimbabwe), severamente atingida pelo ciclone Idai; bem como a reabilitação da EN1 que liga o sul, centro e norte do país, mas com alguns troços críticos.

O interesse "necessário e absoluto" para intervenções nas duas importantes rodovias, e não só, foi expresso pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, durante o encontro bilateral com o seu homólogo, Xi Jinping, inserido na visita de trabalho de seis dias que realiza a China, desde terça-feira. Normalmente, as empresas chinesas que operam fora de portas ficam a espera de financiamento com base nos acordos bilaterais entre os governos.
"Sentimos uma mudança de atitude das empresas chinesas naquilo que é o desenvolvimento de projectos em Moçambique. Elas já não estão apenas a espera de buscar financiamentos com base nas relações bilaterais entre os dois governos", disse o Ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita.
O governante falava a jornalistas, em Beijing, a propósito da assinatura, quarta – feira, de dois memorandos de entendimento entre o governo de Moçambique e a empresa China Construction and Comunications Company (CCCC), relativo ao desenvolvimento de projectos de infra-estruturas.
Segundo o ministro, com base nos dois memorandos, empresas chinesas vão desenvolver diversificada gama de projectos, abrangendo áreas como barragens (caso da futura barragem de Mugeba, na Zambézia), ferrovias, telecomunicações, portos e estradas, para que "haja uma integração e alinhamento com o pensamento do presidente chinês (Xi Jinping) para o qual Moçambique concorre perfeitamente, que é a iniciativa Cinturão e Rota".
A partir da sua longa e extensa costa, Moçambique tem um “enquadramento perfeito” na iniciativa chinesa que tem como foco principal o desenvolvimento de uma extensa rede de infra-estruturas capazes de garantir interconectividade e mobilidade de pessoas e bens, a nível global.
Segundo o ministro, acresce a importância dos memorandos o facto de algumas empresas que reuniram com o governo, em Beijing, estarem estabelecidas em Moçambique há anos, o que lhes permitiu mobilizar capital humano e equipamentos, e "certamente vai ajudar a tornar os projectos mais competitivos". 
A China Road and Bridge Corporation (CRBC) é uma das subsidiárias da CCCC que já opera em Moçambique, tendo executado imponentes obras como a ponte Maputo – Katembe e a Circular de Maputo.
"São empresas com capacidade técnica e com musculatura financeira para o desenvolvimento de mais projectos em Moçambique", referiu Mesquita, acrescentando que no caso da EN6 torna-se mais fácil a aplicação de fundos próprios de empresas chinesas por se tratar de uma obra concluída há puco tempo com recurso a financiamento e empreiteiro chineses.
(AIM)