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MISAU aponta planificação acertada para reduzir flagelo da gravidez precoce

27/02/2017 07:56
MISAU aponta planificação acertada para reduzir flagelo da gravidez precoce

O Ministério da Saúde (MISAU) aponta a planificação mais acertada da gravidez como uma das medidas capazes de reduzir a forte ameaça dos casamentos prematuros, um flagelo que retira o direito de uma infância sadia a milhares de raparigas no país.

A acepção foi defendida sábado durante os debates do seminário nacional sobre a Prevenção e Combate aos Casamentos Prematuros, a decorrer em Pemba, província de Cabo Delgado, no norte do país, com o termo previsto para a tarde de hoje (Domingo).
No país, segundo o Inquérito Demográfico de Saúde (IDS) 2011, uma em cada duas raparigas casa-se antes de atingir os 18 anos de idade. Destas, 14 por cento casam-se antes de atingir os 15 anos e os dados do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano mostram que a desistência das meninas da escola acentua-se a partir de 12 anos de idade.
O afastamento precoce da rapariga do circuito escolar, para além de comprometer a concretização do lema segundo o qual “educar uma mulher é educar uma nação”, arrasta consigo vários perigos como o HIV/SIDA e a exposição à situação de vulnerabilidade com todos os riscos daí decorrentes.
Segundo a directora do Departamento de Saúde da Mulher e Criança, Páscoa Wate, a gravidez precoce constitui um problema de saúde pública que pode gerar consequências negativas para a menina, família e o bebé.
“Quanto mais jovens são as meninas, mais ‘chances’ têm de ter partos prematuros e esse risco é maior na segunda gravidez”, disse Wate, acrescentando que o pesado fardo da gravidez precoce faz com que uma em cada duas mortes, entre as mulheres dos 15 aos 24 anos de idade, tenha a causa materna como a origem do problema. 
A gravidez precoce tem sérias consequências sobre a saúde, com maior incidência para o parto complicado e aborto inseguro que, por sua vez, têm como implicações a morte materna, morte fetal, a perda do útero, fístula obstétrica os bebés prematuros.
Segundo a directora, o país regista todos os anos 2.000 casos de fístulas obstétricas, uma grave lesão formada entre a vagina e a bexiga ou canal rectal, que deixa a urina e as fezes escaparem continuamente, com efeitos devastadores resultantes de complicações no parto, que tanto no país quanto no mundo afectam milhões.
A idade da mulher grávida (adolescente ou idosa), uma vez que a idade reprodutiva varia entre os 15 aos 49 anos, as doenças da mulher grávida (tensão alta, infecção urinária, malnutrição, anemia, HIV/SIDA r outras) constituem, segundo a directora, algumas das causas mais comuns do parto prematuro.
Os estudos médicos demonstram que uma criança gerada de um parto prematuro tem sérias dificuldades de controlar a temperatura do corpo, respirar e mamar normalmente, assim como se ressentir de doenças como a anemia.
No sentido de reverter esta tendência, Páscoa Wate disse ser preciso reverter a capacidade de detecção dos principais factores de risco do parto prematuro, melhorar as habilidades dos provedores no manejo da prematuridade a todos os níveis de atenção, assim como garantir a qualidade do atendimento aos problemas.
Ainda nos acesos debates de sábado, houve espaço para a partilha de experiências da Zâmbia retratadas pela respectiva Primeira-dama, Esther Lungo, que dissertou sobre o pacote de medidas que aquele país colocou em prática como a reforma legal, medidas sócio económicas, religiosas até mesmo culturais que estão a reestruturar o tecido social.
(AIM)