Lagarta do funil de milho aflige Monapo
A propagação da praga da lagarta do funil de milho está a causar uma grande apreensão no seio dos agricultores do distrito de Monapo, província de Nampula. A preocupação deriva da ameaça que a praga representa para a produção e segurança alimentar na região.
A AIM constatou o facto nos últimos dois dias, durante uma jornada denominada “Dia do Campo” promovida pelos serviços distritais de Actividades Económicas, nos três postos administrativos de Monapo, nomeadamente, sede, Itoculo e Netia.
O director Mendes Tomo disse que apesar da ameaça, as autoridades mantêm a meta estabelecida para a presente época agrária que é 720 mil toneladas de culturas diversas, contra as 690 mil colhidas na safra 2016/2017.
“Lavrámos uma área de 215 mil hectares contra 205 mil da época anterior e a nossa esperança é conseguirmos alcançar e até ultrapassar esta meta, mas é urgente que os investigadores encontrem uma solução contra esta praga, caso contrário as consequências poderão ser devastadoras”.
Explicou que na época anterior o impacto da praga não foi muito significativo. “Temos a colaboração de parceiros e, é com eles que estamos a trabalhar para encontrarmos uma solução. Agora, estamos concentrados na produção de sementes melhoradas para sermos auto-sustentáveis, para culturas tais como feijões, amendoim e gergelim”.
A fonte apontou a boa época chuvosa, excelente desempenho dos extensionistas e mecanização agrária, como os factores que estão a contribuir para o sucesso da presente campanha agrária.
“Estes três factores combinados contribuíram para que a campanha esteja a decorrer normalmente, tirando este problema da praga, que esperamos ver resolvido”, disse.
Felizberto António, presidente do Fórum das Associações dos Produtores de Algodão e Cereais de Itoculo, partilha a mesma opinião, embora manifeste o seu receio com a praga do funil de milho.
“Esta praga está a matar o milho que é a nossa principal cultura. Depositamos todas as nossas esperanças no milho porque com a sua venda conseguimos sustentar as nossas famílias”, disse.
Queixou-se da distribuição de um insecticida que “não funcionou e a praga continua a destruir as nossas machambas de milho. Por isso, pedimos ao governo para acelerar a solução deste caso, senão teremos grandes prejuízos”.
Américo Sossego, que explora 12 hectares, na zona de Namiro, em Itoculo, com predominância para o milho e sementes melhoradas, acredita que a praga será dizimada, pois afirma ter realizado com sucesso uma experiência nos seus campos.
“Consegui fazer uma calda com folhas de massalo, uma planta da qual se extrai o colorau e com duas aplicações consegui matar as lagartas que tinham invadido a minha machamba. Partilhei essa experiência com os meus vizinhos e deu certo”, disse.
Entretanto José Abacar, pesquisador da Associação Nacional de Extensão Agrária, explicou a AIM que algumas situações práticas podem ajudar a minorar o impacto devastador da lagarta do funil de milho.
Como exemplo, citou à observância das informações sobre o tempo, importância das rádios comunitárias e outros veículos para a difusão de mensagens úteis para os camponeses.
“As rádios comunitárias têm grande abrangência e emitem nas línguas locais algo que permite muita gente a acompanhar a informação. Naturalmente, também é imprescindível a participação das autoridades e lideranças comunitárias para que a informação se espalhe”.
Segundo Abacar, nos anos em que predomina o fenómeno La Niña, a probabilidade de a produção agrícola chegar a bom termo e isenta de pragas é elevada.
"Os efeitos de La Nina e El Nino são dois momentos que diferenciam o período da queda das chuvas. Nos anos da La Nina, como foi o caso do presente, a chuva inicia cedo, é prolongada e regular o que permite fazer sementeiras também cedo, as culturas crescem normalmente e escapam das pragas, o inverso ocorre nos anos de El Nino, quando a chuva é tardia e irregular e termina cedo”.