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Investidores aprovam recompra da dívida

31/03/2016 10:26
Investidores aprovam recompra da dívida

Mais de 80% dos investidores que detêm obrigações da Empresa Moçambicana de Atum (Ematum) aceitaram a proposta de recompra de dívida, anunciaram as duas entidades financeiras que estão a tratar da operação, citadas pela Imprensa estrangeira.

Ontem o Ministro da Economia e Finança, Adriano Maleiane, já se manifestava optimista em relação à reestruturação da dívida da Ematum, embora remetesse um pronunciamento em definitivo a partir de 7 de Abril, data limite para os investidores tomarem a decisão.

Segundo noticiou ontem a agência financeira Bloomberg, citando uma declaração do Credit Suisse e da VTB Capital, o total de obrigações entregues para a operação de recompra proposta pela Ematum chegou a 694,6 milhões de dólares, o que equivale a 81,7% das obrigações emitidas pela companhia em 2013, num total de 850 milhões.

Os investidores dão assim “luz verde” à operação financeira proposta pela empresa pública, que tinha como principal objectivo alargar o prazo de maturidade do empréstimo em três anos, de 2020 para 2023, ainda que para isso Moçambique ofereça uma taxa de juro mais alta: de cerca de 6% para 10,5% ao ano.

A votação da proposta será oficialmente feita apenas na sexta-feira, mas o facto de os investidores terem já entregue os títulos actuais para os trocarem pelos “novos” indica que a operação vai ser aprovada e que assim a Ematum consegue o seu objectivo.

A oferta de recompra de obrigações com um prémio de compra antecipada de 5%, um aumento da taxa de juro anual de 6,3% para 10,5% e uma extensão da maturidade de 2020 para 2023 foi proposta há cerca de duas semanas aos mercados financeiros, já depois de as agências de notação financeira Moody's e Standard & Poor's terem descido o “rating” de Moçambique por considerarem que a oferta era equivalente a um incumprimento.

A proposta, que tem de ser aprovada por 75% dos credores para ser efetiva, traz duas grandes vantagens a Moçambique: por um lado, são apenas pagos juros até 2023, o que alivia a pressão sobre as finanças públicas e sobre o crescimento da dívida pública (que já ronda os 60% do PIB) e, por outro, adia para 2023 o pagamento da totalidade do empréstimo.

O adiamento de três anos deve estar relacionado com a expectativa de que por essa altura Moçambique já consiga capitalizar em receitas fiscais as enormes reservas de gás natural que têm sido descobertas nos últimos anos e que o colocam no pódio dos países mais ricos neste recurso natural.

Fonte: Jornal Notícias