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Inundações continuam a preocupar no centro

06/03/2018 10:13
Inundações continuam a preocupar no centro

Cerca de 30 mil pessoas encontram-se completamente isoladas, sem comunicação rodoviária, e mais de 500 hectares de culturas alimentares inundados nos distritos de Nhamatanda, Gorongosa e Machanga, na província de Sofala, em consequência das chuvas abundantes que caem naquela região do país.

Enquanto isso, as sedes distritais de Dôa e Mutarara, na província de Tete, estão igualmente isoladas da capital provincial, desde a manhã de ontem, devido às fortes chuvas que caíram com alguma intensidade durante no fim-de-semana, levando as águas a galgar a ponte sobre o rio Mcombedzi. O administrador distrital de Dôa, Domingos Viola, confirmou ao “Notícias que o caudal do rio Mcombedzi subiu acima do normal e inundou a plataforma da estrada, situação que, segundo ele, “levará tempo a ser normalizada”.

O administrador de Nhamatanda, Boavida Manuel, que confirmou o facto ao Notícias, indicou que, daquele universo, cerca de 25 mil pessoas vivem em Bebedo e Nhampoca, havendo outra parte no vizinho distrito da Gorongosa.

A situação de isolamento deve-se à submersão de uma ponte sobre o rio Metuchira, sendo que a ligação fluvial entre as duas margens continua condicionada à circulação de duas embarcações com motor fora de bordo disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e pela Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), e confiadas às forças da Marinha e activistas daquela organização humanitária.

Além disso, existem ainda no terreno sete canoas para acudir o intenso movimento da travessia numa média diária de duas mil pessoas, entre camponeses daquela zona potencialmente agrícola, funcionários e agentes do Estado e alunos baseados nas duas margens daquele rio.

As chuvas, que já inundaram aproximadamente 100 hectares de culturas alimentares e seis salas de aula na Escola Primária de Muchaurene, em Nhampoca, causaram igualmente a deslocação e reassentamento de mais de 100 pessoas no bairro de Jhone Segredo, em Lamego, depois de terem sido transportadas de diversas zonas, com realce para o posto administrativo de Tica.

Neste local foram criadas todas as condições básicas para uma condigna sobrevivência humana, como a demarcação de talhões, instalação de unidades escolares e sanitárias, disponibilidade de água, energia eléctrica e infra-estruturas de diversão.

Existem também mais de 100 talhões na outra margem do rio Muda, em Lamego, e na zona de Metuchira, devidamente demarcados para acolher eventuais afectados deste desastre natural no distrito de Nhamatanda, localizado ao longo da faixa do chamado Corredor de Desenvolvimento da Beira.

O administrador Boavida Manuel tranquiliza afirmando que as autoridades locais estão em prontidão de emergência, realçando que, mesmo assim, qualquer ajuda é bem-vinda neste período em que o país conhece o pico das chuvas, com um rasto de destruição das infra-estruturas públicas e privadas.

Por seu turno, o administrador de Machanga, Tomé José, disse que embora o caudal do rio Save tenha baixado significativamente ontem, calcula-se que 415 famílias, o equivalente a 2.533 pessoas, encontram-se isoladas, sem comunicação rodoviária, na localidade de Javane, desde a passada 6ª feira, devido a cortes de estradas e destruição de pontes pelas chuvas.

Ainda segundo a nossa fonte, 346,5 hectares de diversas culturas alimentares praticadas por 644 famílias no distrito de Machanga, encontram-se afectados pelas chuvas, havendo necessidade de apoio com quatro toneladas de sementes de milho e hortícolas para a 2ª campanha agrária.