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Inflação pode atingir 7% até final do ano

17/12/2015 08:50
Inflação pode atingir 7% até final do ano

O Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, admitiu ontem que se a actual conjuntura de especulação e aproveitamento prevalecer no mercado o país poderá fechar o ano com uma inflação média de sete por cento, ou seja, dois pontos percentuais acima das previsões.

Dados estatísticos até ao fim de Novembro indicam uma inflação de 5.1 por cento, valor ligeiramente acima da meta planificada para todo o ano, mas alinhada com a média da região da África Austral.

Falando a jornalistas após um brinde do final do ano de 2015, Ernesto Gove mostrou-se optimista quanto ao futuro, tendo sublinhado que as medidas de estabilização dos indicadores macro-económicos tomadas nos últimos tempos pelo Banco Central permitem antever um abrandamento, no médio prazo, da inflação no país.

“Nós queremos que a inflação não torne o país pouco competitivo como destino de investimento e também não desgaste as poupanças das pessoas, sobretudo o poder de aquisição das pessoas mais pobres”, sublinhou Gove.

Devido a desequilíbrios em alguns indicadores macroeconómicos o Banco Central decidiu introduzir medidas restritivas, que segundo Gove sinalizam uma política monetária que visa conter a procura por moeda, incluindo por divisas.

Estas medidas foram complementadas com intervenções nos mercados interbancários, tendo o Banco de Moçambique disponibilizado quantidades consideráveis de divisas no Mercado Cambial Interbancário (MCI), respeitando os compromissos em matéria de reservas internacionais líquidas.

Com efeito, foi colocados no mercado cambial até 11 de Dezembro um total de 1,072 milhões de dólares (dos quais 309 milhões de dólares somente no último trimestre) comparando com 1.207,7 milhões de dólares em todo o ano de 2014, fazendo com que as reservas brutas permitam actualmente cobrir 3.7 meses de importações de bens e serviços não factoriais, quando excluídas as transacções dos grandes projectos.

Segundo Gove, ainda que os preços internacionais do petróleo estejam em queda acentuada desde meados de 2014, a contribuição das reservas internacionais para a factura de importação de combustíveis líquidos para o país manteve-se quase inalterada, ao passar de 662.7 milhões de dólares em todo o ano de 2014 para os 603.1 milhões de dólares em 2015, montante que, no entanto, incrementa para 745,4 milhões de dólares quando considerada a comparticipação directa para a importação de bens essenciais efectuada pelo Banco de Moçambique nesta parte final do ano.

“Quero aproveitar esta oportunidade para lembrar a todos os operadores do sistema bancário e a todos os agentes económicos que intervêm no comércio externo que o princípio da liberalização da conta corrente em vigor desde 2011 incumbe aos bancos a responsabilidade de assegurar que todo o processo ocorra de conformidade com as normas e boas práticas internacionais, para além do dever de assegurar um sistema estruturado de recolha, verificação e validação de informação para fins de controlo cambial e construção da nossa balança de pagamentos”, referiu.