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Inaugurada escola especial para cidadãos inadaptados

11/10/2016 15:15
Inaugurada escola especial para cidadãos inadaptados

A cidade de Maputo, capital moçambicana, conta a partir de hoje com novas instalações para a reabilitação de cidadãos inadaptados.

Trata-se do novo Centro de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados (CERCI), inaugurado pelo ministro da educação e desenvolvimento humano, Jorge Ferrão, um evento que coincidiu com a passagem do Dia Mundial da Saúde Mental.
O CERCI é uma associação sem fins lucrativos criado a 21 de Maio de 2002 por um grupo de pais de crianças com necessidades educativas especiais em parceria com técnicos e especialistas desta área, cujo objectivo é apoiar o desenvolvimento dos utentes e integrá-los na sociedade. 
Os utentes são portadoras de deficiências como a paralisia cerebral, autismo, hidrocefalia, microcefalia e Síndrome de Down.
As novas instalações do CERCI, um investimento orçado em cerca de 300 mil dólares, têm uma capacidade para acolher 60 utentes. Porém, actualmente contam com apenas 35. 
Falando durante o evento, Ferrão disse que o CERCI já é uma entidade de referência nacional e internacional no âmbito da inclusão social que garantirá a melhoria da qualidade de vida dos alunos, filhos e educandos. 
Ferrão aproveitou a oportunidade para felicitar os pais e encarregados de educação que uniram os seus esforços para criação desta instituição.
Aliás, disse o ministro, a inauguração das novas instalações coincidem com a passagem do Dia Mundial da Saúde Mental, uma efeméride que hoje se assinala no mundo inteiro para chamar a atenção do público para a questão da saúde mental e, de uma forma global, identificá-la como causa comum a todos os povos e, ultrapassando as barreiras nacionais, culturais, políticas e socio-económicas.
“O Dia Mundial da Saúde Mental é uma data que pretende combater o preconceito e o estigma à volta da saúde psicológica. Por isso, os educadores dos utentes inadaptados são eventualmente as melhores pessoas que o mundo pode ter”, disse o ministro. 
Referiu que Moçambique possui actualmente cerca de 100 mil crianças com necessidades educativas especiais que frequentam o sistema nacional de educação. Este número poderá subir para 125 mil até finais 2019. 
Estatísticas indicam que Moçambique possui 99 mil crianças com necessidades especiais no ensino primário, 12 mil no ensino secundário, 379 nos centros de recursos de educação inclusiva e 560 nas escolas especiais nas cidades de Maputo, Beira e Nampula.
Ferrão aponta também como desafio a formação de professores capazes de lidar com necessidades educativas especiais. 
Com efeito, o Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) decretou que o número de alunos com necessidades educativas especiais não pode exceder 30 por cada turma como forma de melhor garantir a devida atenção. 
O MINEDH possui uma equipe dedicada a educação especial, que tem como vocação a formação e capacitação de professores nesta área. 
Nelson Beete, presidente do CERCI, afirma que o maior desafio é manter e aumentar as parcerias de modo a elevar o nível dos serviços prestados aos seus utentes e servir de referência positiva para que os pais de crianças portadoras de deficiência mental liderem iniciativas semelhantes para melhorar a condição de vida dos seus filhos. 
“O percurso foi longo, mas a realização de um sonho foi possível graças ao grande espírito altruísta das pessoas e de várias entidades. O CERCI MAPUTO demonstra o que as parcerias podem oferecer sejam elas com artistas, corporações e indivíduos singulares”, frisou.
Para o CERCI, apesar da prevalência de deficiência mental na sociedade moçambicana, são muito poucas as entidades que prestam serviços nessa área.