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Governo e PMA querem envolver indústria na fortificação de alimentos

11/10/2016 15:05
Governo e PMA querem envolver indústria na fortificação de alimentos

O governo e o Programa Mundial de Alimentação (PMA) estão a estudar formas de envolver a indústria na fortificação de alimentos, uma iniciativa que visa reduzir a taxa de desnutrição crónica em Moçambique dos actuais 43

para pelo menos 35 por cento até finais do ano de 2019.
Estatísticas do Ministério da Saúde (MISAU) indicam que a desnutrição crónica é responsável por mais de 33 por cento de mortes de crianças com idade inferior a cinco anos, bem como pela perda de produtividade de dois a três por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Como forma de melhorar o estado nutricional, o governo e o PMA projectam massificar a adição do ácido fólico, ferro, Vitamina A e iodo em certos alimentos, por intermédio das pequenas moageiras e indústrias instaladas nas zonas rurais, uma vez ter sido constatada a deficiência destes elementos na maioria dos indivíduos.
Os alimentos arrolados para o efeito são farinha de milho e trigo, óleo, açúcar e sal.
Falando num workshop havido hoje, em Maputo, sobre fortificação de alimentos, Eduarda Mungoi, do Ministério da Indústria e Comércio, explicou que a fortificação industrial de alimentos consiste na adição de vitaminas e minerais aos alimentos de uso massivo, visando garantir uma ingestão diária recomendada. 
“É um procedimento eficaz na prevenção de deficiência de vários minerais como o ferro, Vitamina A, ácido fólico e iodo. A fortificação dos alimentos contribui de forma substancial para a redução da deficiência de micro nutrientes”, explicou.
A iniciativa surge por se ter observado que a maioria da população moçambicana residente nas regiões rurais consome alimentos processados localmente e não fortificados. Segundo as autoridades sanitárias esse poderá ser um dos motivos que leva cerca de 50 por cento da população a padecer de anemia.
Existem outras medidas que estão sendo adoptadas pelo MISAU, para combater a deficiência em nutrientes, tais como a promoção do estado nutricional da mulher antes e durante a gravidez, aleitamento materno exclusivo, alimentação complementar adequada, suplementação e desparasitação.
Helga Mudanisse, do MISAU, destacou a importância do envolvimento das indústrias na fortificação alimentar, porque, segundo ela, pode contribuir para a redução das taxas de desnutrição crónica, que continuam estagnadas.
Citando o Inquérito Demográfico de Saúde (IDS), Mudanisse disse que 48 por cento das crianças com idade inferior a cinco anos apresentava sinais de desnutrição crónica no ano de 2003. Na mesma faixa etária, 22 por cento registava baixo peso para a idade e cinco por cento sinais de desnutrição aguda.
Para o IDS 2011, pode-se observar uma redução de 47 para 43 por cento de desnutrição crónica, de 22 por cento para 15 de baixo peso para idade e um aumento de cinco para seis por cento da desnutrição aguda.
Os últimos dados do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), de 2013, indicam que não houve nenhuma mudança em termos de dados de desnutrição crónica.
“Os resultados continuam os mesmos: 43 por cento para desnutrição crónica, o que quer dizer que, desde 2011, não registamos melhorias. Estamos estagnados. Por isso, o Plano Quinquenal do Governo reajustou as suas metas para a redução de desnutrição crónica para se situar entre 20 e 35 por cento até 2019”, afirmou Mudanisse.
Por seu turno, Karin Manente, do PMA, considera a fortificação de alimentos com o envolvimento da indústria como a maneira mais eficaz para abranger o maior número da população, razão pela qual recomenda o envolvimento destes actores nas zonas rurais.
“Combater a desnutrição crónica no país é uma prioridade não só nossa, mas nacional. As taxas de desnutrição crónica no país são muito elevadas”, disse Manente. 
Explicou que no processo de fortificação de alimentos, é importante envolver não só as empresas grandes e médias, “mas também encontrar maneiras de envolver as empresas pequenas, inclusive nas áreas rurais onde a maioria da população vive, onde há mais índices de desnutrição crónica”.