Cimeira da União Africana terminou ontem: Prioridades de Moçambique reflectidas nos debates
A trigésima cimeira da União Africana terminou ontem, após dois dias de debates na capital etiópe. O Presidente Filipe Nyusi, um dos vários chefes de Estado e de Governo presentes em Addis Abeba para o encontro, considerou que o evento foi bastante objectivo e produtivo.
Falando ontem à imprensa nacional sobre a participação de Moçambique na cimeira, Filipe Nyusi considerou que um dos grandes ganhos é o próprio tema da conferência: “Vencer a luta contra a corrupção: um caminho sustentável para a transformação de África”.
“Este (tema) é de extrema importância para nós porque traduz o alinhamento total daquilo que estamos a fazer em Moçambique”, disse o Chefe do Estado, prosseguindo: “Terminámos o ano e entramos no novo, mas a nossa acção crucial continua a ser a mesma, o combate à corrupção como uma etapa para o crescimento”.
Para Filipe Nyusi, o tema desta cimeira da UA mostra, “mais uma vez, que não estamos fora do contexto. Afinal, o contexto definido por nós é universal, que encontra a luta contra a corrupção como uma das saídas para resolver grande parte das preocupações das comunidades”.
O Presidente também considera que a 30.ª Conferência da UA foi muito objectiva pela forma como desta vez foram tratados os assuntos levados à discussão.
“As questões eram debatidas até à sua conclusão. O que ficou em aberto tem prazos sobre o quê, quando e como deve acontecer para a sua conclusão”.
Um dos pontos debatidos à porta fechada e que levou muito tempo (e não foi encerrado) foi a questão da reforma das instituições da UA. “Nós (Moçambique) demos a nossa contribuição, que ajudou a chegar a algumas conclusões, mas o assunto voltará à discussão na cimeira de Junho/Julho, na Mauritânia”, disse o Chefe do Estado.
No debate do relatório sobre paz e segurança, uma matéria importante para o continente, “nós apelámos e manifestámos o nosso agrado pela fidelidade do documento” quanto à realidade actual do continente, que continua a ser assolado por conflitos e ausência de paz e segurança nalguns países, mas “não deixámos de sublinhar melhorias, sobretudo na área da democracia”.
A cimeira também discutiu o estabelecimento de uma zona continental de livre comércio. O debate não foi concluído, mas, dada a sua pertinência, uma cimeira extraordinária foi já marcada para Kigali, Ruanda, em Março, na qual o dossier deverá ser encerrado.
O Chefe do Estado também recordou a sua participação no encontro do MARP, no qual o país confirmou a sua vontade de se abrir à segunda fase de avaliação, na reunião sobre mudanças climáticas e noutros vários encontros realizados à margem da 30.ª cimeira da UA.
Filipe Nyusi não deixou de mencionar a entrada em vigor do Mercado Único Africano de Transporte Aéreo (SAATM, na sigla em inglês), do qual Moçambique é membro.
“Isso significa que o empresariado moçambicano deve agir e não ficar à espera, antes que outros ocupem o espaço”, alertou o Presidente da República.
Nyusi destacou também os encontros bilaterais que manteve em Addis Abeba, “uns bastante formais e outros informais, mas não menos importantes.”
“Foi bom que estivemos aqui presentes porque deixámos a nossa imagem”, concluiu o Presidente.
O Chefe do Estado termina hoje a sua estada na capital etíope com participação num fórum de negócios África/Estados Unidos.