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Chissano diz haver problemas de interpretação variada no desarmamento da RENAMO

29/05/2019 14:35
Chissano diz haver problemas de interpretação variada no desarmamento da RENAMO

O antigo Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano, diz que há problemas de percepção variada que criam recuos no processo de Desmobilização, Desarmamento e Integração (DDR) dos homens armados da Renamo, o maior partido de oposição no país.

'Aqui deparamo-nos com um problema de interpretação e que essa interpretação vai chegando tardiamente. Quando a gente pensa que tudo correu bem, depois aparece uma interpretação diferente daquilo que foi o entendimento das duas partes quando assinaram o acordo', reagiu assim Joaquim Chissano às recentes declarações do Presidente da República, Filipe Nyusi, segundo as quais a Renamo estava a enviar oficias na reserva para a Polícia da República de Moçambique, no âmbito do processo de DDR em curso, envolvendo o Governo e a Renamo. 
Chissano lembrou que um antigo Chefe-Adjunto do Estado-Maior General, vindo das fileiras da Renamo, tinha sido desmobilizado, tal como o Chefe de Estado-Maior General, nomeado pelo Governo, sendo que 'não faz sentido' integrar estes oficiais na reserva.
Mesmo numa situação de impasse, segundo a STV, estação privada de televisão, o antigo Presidente e especialista em mediação de conflitos entende que o governo e a Renamo vão encontrar uma saída, considerando que têm privilegiado o diálogo nas suas abordagens neste capítulo de DDR, que está também no pacote legislativo da descentralização em curso no país. 
A lista contendo nomes de 10 oficiais da Renamo para serem nomeados nos cargos de chefia do Comando-geral da PRM foi submetida a 15 de Abril, no que representaria mais um passo no processo de integração dos seus homens nas Forças de Defesa e Segurança.
A 18 de Maio o Presidente da República anunciou a recepção da lista, mas disse que a mesma não respeita alguns critérios previamente acordados. “Nós o governo não temos a moral suficiente para incluir os homens já na reserva e outros na reforma ou desmobilizados em detrimento daqueles que ainda se encontram nas fileiras da Renamo, aqueles pelo qual o diálogo com o falecido Afonso Dlhakama (falecido líder da Renamo) visava abranger. Os que fazem parte da lista já estiveram nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), uns passaram a reserva com subsídios de integração atribuídos e auferem salários ou pensões como outros seus colegas que são da proveniência do governo”, denunciara o Chefe do Estado. 
Para Nyusi, integrar essa lista significava por exemplo, integrar o Tenente-general Mateus Ngonhamo, o Major general Hermínio Morais, significava por exemplo aqui na corporação policial integrar o Inspector-geral Pascoal Ronda ou Inspetor- geral Miguel dos Santos. “Vamos dar oportunidade outros jovens ou outros cidadãos para dar a sua contribuição para a defesa de Moçambique”, sublinhou.
(AIM)