Cancro mata anualmente 17 mil pessoas no país
As doenças cancerígenas são responsáveis pela morte de pelo menos 17 mil pessoas todos os anos em Moçambique, sendo o Sarcoma de Kaposi, as leucemias, os linfomas, os cancros do colo do útero, da mama e da próstata as principais patologias.
A informação foi dada há dias, em Maputo, por Cesaltina Lorenzoni, directora do Programa Nacional de Controlo do Cancro, revelando ainda que, nos últimos cinco anos, a incidência da doença tem aumentado em cerca de 10 por cento anualmente.
“Este número é ainda subestimado, pois, de momento, contamos com apenas dois registos de cancro de base populacional nas cidades da Beira e Maputo”, referiu.
Falando no lançamento da campanha de sensibilização contra o cancro no adulto e na infância, a fonte explicou que a situação é agravada pelo impacto do HIV/SIDA, que surge associado a vários tipos de doenças cancerígenas, com destaque para o Sarcoma de Kaposi, alguns tipos de linfomas e o cancro do colo do útero.
Para garantir um controlo desta patologia, Cesaltina Lorenzoni fez saber que a Saúde, em parceria com o Gabinete da Esposa do Presidente da República e outros parceiros, tem trabalhado para expandir e massificar os rastreios, a prevenção e o tratamento.
Do trabalho feito, disse que foi possível aumentar o número de unidades sanitárias equipadas para o rastreio de quase 20, em 2010, para 189, actualmente, em todo o país.
Contudo, para a directora do Programa Nacional de Controlo do Cancro, a luta contra esta enfermidade requer ainda uma nova atitude perante esta doença. Apontou a advocacia como sendo crucial na sensibilização das comunidades para que possam reconhecer os sinais e sintomas e saber agir em caso de suspeita.
“O papel de advocacia prestado pela mamã Isaura é crucial para a mobilização da população moçambicana, em particular as mulheres, e para a sensibilização das famílias sobre a importância do reconhecimento dos sinais precoces do cancro e de como proceder em caso de suspeita”, observou, enaltecendo o papel da primeira-dama de Moçambique na busca de soluções para este problema de saúde.
Outro desafio apontado por Cesaltina é falta de quadros moçambicanos capacitados para o tratamento especializado do cancro. Apontou, por exemplo, que de momento o país conta com três oncologistas gerais, igual número de hemato-oncologistas, dois radioterapeutas, um oncopediatra e 11 patologistas.
“Não temos, em todo Moçambique, um único cirurgião oncológico”, lamentou.
Avançou que, para minimizar a situação, o sector está a investir na formação de quadros dentro e fora do país, com estágios de curta ou longa duração, videoconferência, intercâmbio com especialistas do Brasil e dos Estados Unidos da América, que têm vindo ao país em missões para o treino dos quadros moçambicanos nas áreas de cirurgia oncológica, imagiologia e enfermagem.
A campanha foi lançada pela esposa do Presidente da República, Isaura Nyusi, com o intuito de alertar as famílias sobre os principais sinais e sintomas do cancro, assim como convidá-las a aderir aos locais onde se faz o rastreio para que, em caso de confirmação, se faça o tratamento na fase precoce da doença, para solução adequada ao problema.