Ambiente de negócios favorece megaprojectos
O actual ambiente de negócio em Moçambique está mais orientado para os grandes projectos, cuja pujança financeira e capacidade de negociação permite a estes aceder aos regimes especiais, que facilitam as suas operações.
Segundo o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, o remanescente segmento empresarial lida com um ambiente de negócios não favorável e com vários constrangimentos.
Rogério Zandamela falava sexta-feira em Maputo, numa aula inaugural do ano académico, na Universidade Pedagógica (UP).
O governador referiu, na ocasião, que no relatório do Banco Mundial “Doing Business de 2018”, Moçambique faz parte do grupo de países onde é difícil iniciar um empreendimento, posicionando-se no 134.º lugar de um total de 190 economias, atrás das Maurícias, Botswana e África do Sul.
De acordo com Zandamela, este facto é reforçado pelos dados do censo de empresas realizado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e que indica que num horizonte de 12 anos o número de micro, pequenas e médias empresas, que são as que promovem mais postos de emprego, reduziu em 1681, passando para 26.793.
As grandes empresas, que são maioritariamente intensivas em capitais, quase que triplicaram, passando para 905, em 2016. Por isso, segundo o governador, é necessário atrair e apoiar projectos de investimento directo estrangeiro, numa base mais diversificada.
“Apesar de o país se notabilizar pelo aumento substancial do Investimento Directo Estrangeiro (IDE), este não tem estado a promover a transformação económica desejada, visto que a maior proporção destes investimentos se destina aos sectores de gás natural e carvão, em detrimento de áreas de elevado potencial como a agricultura, a pesca, pecuária, a manufactura e o turismo”, disse.
No período de 2010-2017, cerca de 69 por cento do IDE destinava-se à indústria extractiva de exploração de carvão e gás natural, tornando a economia vulnerável à volatilidade dos preços internacionais destas mercadorias.