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Ainda não estamos satisfeitos

17/12/2015 08:57
Ainda não estamos satisfeitos

O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse ontem no Parlamento que ainda não está satisfeito com o estado da nação, mas mostrou-se orgulhoso com o trabalho do Governo ao longo do seu primeiro mandato.

Falando na apresentação do Informe Anual sobre a Situação Geral da Nação, Nyusi disse que só estaria contente se tivesse resolvido, definitivamente, os problemas básicos da pobreza, da exclusão e da paz. “Temos, enfim, consciência de que fizemos muito mas temos também a certeza de que há ainda muito por ser feito”, sublinhou.

Perante os deputados da Assembleia da República, membros do Governo, das instituições de Justiça, do corpo diplomático e outros convidados, o Presidente da República falou “das sérias e pesadas condicionantes externas” que pesam sobre a economia nacional. Referiu que a abordagem desses factores externos é feita não como uma justificação mas como o contexto real que, de uma ou de outra maneira, influencia a economia e as finanças de todas as nações.

Assim, disse que as calamidades naturais que assolaram o país, causando prejuízos materiais directos e indirectos incalculáveis, resultaram na revisão em baixa do Produto Interno Bruto para 7 por cento, em comparação com os 7,5 por cento inicialmente projectados.

“A baixa generalizada de preços dos principais produtos de exportação, como alumínio, algodão, gás, carvão e açúcar, reduziram em 9,3 por cento o nível das nossas exportações, particularmente agravada pelo aumento de preços do que compramos fora”, disse, para depois acrescentar que o novo ciclo de governação coincidiu com a retirada de cinco dos 19 parceiros que têm providenciado ajuda aos programas de desenvolvimento através da modalidade de apoio geral ao orçamento, que consiste em recursos canalizados directamente à Conta Única do Tesouro.

O impacto da retirada desses parceiros, segundo o Presidente da República, representa uma redução, em média, de 217 milhões de USD por ano. Adicionalmente à retirada dos parceiros, o país tem vindo a constatar atrasos nos desembolsos dos compromissos dos parceiros.

“Por exemplo, para 2015, dos 15 parceiros que providenciam apoio geral ao orçamento, cinco ainda não efectuaram os seus desembolsos”.

OS DESAFIOS

O Chefe do Estado considera que apesar do ano atípico que o país atravessou, Moçambique, como nação, pode alcançar muito mais. Segundo ele, chegou o momento de os moçambicanos escolherem onde querem estar nos próximos anos. “Chegou o momento de escolhermos que país queremos deixar como herança para os nossos filhos e netos. Muito desse legado nasce das decisões políticas e económicas que fizermos hoje”, explicou.

Acrescentou que se os moçambicanos querem um futuro diferente devem saber questionar o presente que vivem. “Será que vamos continuar a arrastar ameaças ou desentendimentos internos que colocam moçambicanos contra moçambicanos? Vamos manter conturbações que arruínam o presente e comprometem o nosso futuro comum? Ou será que existem dois futuros diferentes para os moçambicanos que, por qualquer razão, têm pontos de vista diferentes? Será que é tão difícil optar pelo bom senso e unirmo-nos no propósito comum de construirmos uma nação que seja a casa de todos moçambicanos?”, interrogou.

“É nossa convicção que unidos à volta de um único propósito, uma agenda comummente aceite e abraçada por todos nós, moçambicanos, somos capazes de ultrapassar barreiras aparentemente intransponíveis para consolidar a paz, a democracia e o desenvolvimento”, disse, para depois referir que “a inclusão que defendemos e promovemos não encontra aplicação apenas no relacionamento entre partidos políticos diferentes. Inclusão significa repensarmos contínua e permanentemente tudo aquilo que nos une como indivíduos, grupos e como uma nação una e indivisível.

De acordo com o Presidente Nyusi, a responsabilidade de pensar e transformar Moçambique é de todos e de cada um dos moçambicanos, sem excepção, “por isso somos por um ciclo de governação em que a inclusão é uma bandeira”, enfatizou, para depois sublinhar que “o nosso grau de insatisfação deve ser transformado em desafio de todos”.

Nyusi afirmou que está pronto para dar a sua modesta contribuição ao país. “Não pedimos muito porque ainda não estamos satisfeitos com o Estado da Nação, pedimos harmonia, sinceridade, coesão e mais confiança entre os moçambicanos e não perturbações, porque queremos trabalhar. Os moçambicanos devem acreditar nas suas próprias capacidades”, sublinhou.