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Abandono do TARV aumenta número de óbitos em Lichinga

02/04/2018 11:25
Abandono do TARV aumenta número de óbitos em Lichinga

O abandono do tratamento com anti-retrovirais por parte dos doentes infectados pelo HIV/SIDA ao nível da província do Niassa está a causar luto no seio das famílias.

Dados indicam que desde Janeiro pelo menos trinta pacientes que se encontravam internados no Hospital Provincial de Lichinga (HPL) perderam a vida como consequência desta atitude de risco.

 Narciso Rondinho, director clínico do HPL, precisou que, entre os pacientes que perderam a vida devido ao abandono prematuro do TARV, há a destacar um número notável de jovens e adultos.

A maior parte dos doentes que abandonam o TARV é constituída por pessoas escolarizadas residentes nos principais centros urbanos, situação que inquieta as autoridades sanitárias provinciais

O facto concorre para o agravamento do seu estado de saúde e culmina com o seu internamento na maior unidade sanitária de Niassa.

“Esses doentes sabem porquê explicamos que o tratamento contra a pandemia do HIV/SIDA é longo e que deve obedecer à regularidade na toma dos medicamentos. Contudo, negligenciam as recomendações médicas”, lamentou a fonte.

No rol das constatações feitas pelos técnicos de Saúde, consta que os doentes receiam deslocar-se às unidades sanitárias para levantamento dos anti-retrovirais, preferindo a sua compra nas farmácias privadas, o que acarreta custos elevados, que deviam suportar a aquisição de produtos para variar a dieta alimentar, fundamental no processo para a melhoria do seu estado de saúde.

A falta de auto-estima e questões culturais concorrem para que os doentes se isolem do resto da família, privando-se do apoio psicológico que é parte do tratamento.

Segundo Rondinho, cerca de 70 por cento do total de doentes internados no HPL sofre de patologias relacionadas com o HIV/SIDA.

Para combater o abandono do TARV, técnicos do sector da Saúde no Niassa, em parceria com os líderes comunitários e religiosos e agentes polivalentes de duas organizações não-governamentais que operam na província, designadamente o FHI e a COVIDA, estão a desenvolver acções de sensibilização e busca activa de pacientes nas suas áreas de residência.

Referir que o número de pessoas que vive com o HIV/SIDA, no Niassa, está a crescer nos últimos três anos, de acordo com os resultados das pesquisas desenvolvidas pelo sector da Saúde.