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Reduz quantidade de processamento da castanha de caju

19/05/2020 09:06
Reduz quantidade de processamento da castanha de caju

A Associação das Indústrias de Caju, AICAJÚ, estima que o processamento de castanha este ano não chegue às 35.000 toneladas o que representa uma quebra acima de 30% quando comparado com as cerca de 52.000 toneladas processadas no ano passado.

O país tem neste momento menos de 10 fábricas de processamento-primário a operar, sendo que algumas delas irão parar o processamento a meio deste ano, estima-se que em Agosto, por falta da matéria prima.

Para a AICAJÚ esta quebra reflecte o impacto de uma tendência de comercialização negativa dos últimos anos, uma vez que a indústria nacional tem vindo a processar cada vez menos castanha desde 2017.

Em 2018 foram processadas, em Moçambique, cerca 60.000 toneladas de castanha.

As quebras do processamento da castanha de cajú justificam-se pelo contexto, particularmente adverso, em que os industriais nacionais estão a operar com a crescente concorrência agressiva e protegida por parte de “players” internacionais como o caso da Índia e Vietnam e pela não-actualização das medidas de resposta domésticas, a este novo paradigma.

Ao aumentar a sobretaxa da importação da amêndoa acabada de 45 para 70%, no ano passado, a Índia aumentou ainda mais o poder de compra e a capacidade de influenciar mercados por parte dos seus industriais.

Com efeito, os processadores Asiáticos podem agora comprar, em Moçambique, matéria-prima a preços inflacionados e desleais, desvirtuando o mercado com impacto negativo na indústria nacional, na cadeia de valor de transformação e por último, nos cofres do Estado.

Por outro lado, este ano, a campanha de cajú fica também marcada pelos efeitos da pandemia do Coronavírus que tem estado a resultar numa quebra significativo do sector. O preço da amêndoa do cajú caiu mais de 15%, desde o início da crise, e 25% quando comparada com o preço do ano passado.

A AICAJÚ está confiante no trabalho que o Governo está a desenvolver e acredita que, através da concertação entre Estado, sector privado e os produtores seja possível, em tempo útil, implementar medidas de defesa do sector, que permitam uma campanha de 2020 justa para todos os intervenientes.

Por outro lado, a AICAJÚ considera fundamental a continuidade da promoção de mecanismos de capacitação e apoio aos produtores para o desenvolvimento dos cajueiros, sob risco da produção sofrer igualmente um acentuado decréscimo, impactando consequentemente na renda das mais de 1,4 milhões de famílias dependentes desta cultura agrícola.

A AICAJÚ está igualmente confiante que, através de um diálogo aberto, seja possível garantir a viabilidade de uma indústria de bandeira em Moçambique que já foi referência internacional.

A Associação de Industriais do Cajú (AICAJÚ), representa os intervenientes da indústria de processamento do caju, em Moçambique.

Com 10 fábricas industriais e 7 unidades industriais de pequena e média dimensão, a indústria do caju nacional gera milhares de empregos directos e indirectos e a sua cadeia de valor impacta não só na vida dos seus trabalhadores, bem como na de agricultores, pequenas empresas de serviços e nas comunidades rurais, contribuindo para o desenvolvimento económico e social de Moçambique. (RM)