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Nyusi recomenda adopção de medidas inovadoras para promoção de reservas internacionais

02/09/2016 08:27

O Presidente da Republica, Filipe Nyusi, instou hoje o Banco de Moçambique a adoptar uma série de medidas inovadoras e ousadas de forma a garantir a racionalização das reservas internacionais para a cobertura das importações e o pagamento do serviço da divida externa, bem como para assegurar uma maior estabilidade cambial.

Nyusi lançou este desafio durante a cerimónia de investidura do novo governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, acto que teve lugar esta quinta-feira, no gabinete da Presidência da Republica, em Maputo.
O comportamento do Banco Central, segundo o Chefe de Estado moçambicano, deve ser conduzido por um mecanismo que permita uma grande capacidade de ajustamento macro-económico, sobretudo num cenário de uma economia que sofre uma grande dependência de choques externos.
“Deve recorrer a políticas de resiliência financeira, capaz de manter a estabilidade económica mesmo em situações de crises macro-económicas cíclicas”, disse.
Realçou que no país ainda prevalecem, como grandes desafios macro-económicos, o controlo da massa monetária em circulação, o controlo das reservas internacionais, o controlo das taxas de juro e expansão dos serviços financeiros.
Neste contexto, o estadista moçambicano disse ser importante adoptar medidas apropriadas para o controlo da inflação em resposta as políticas tendentes a redução da procura agregada, a luz das medidas de contenção da despesa pública, e incremento da oferta agregada, “via aumento da oferta de bens e serviços a nível doméstico”.
Nyusi recomendou a necessidade de o Banco de Moçambique estimular uma maior capacidade de poupanças e uma expansão da base produtiva e diversificação da economia.
O acesso aos serviços financeiros pela maioria da população, segundo Nyusi, ainda constitui preocupação e prioridade central do governo na promoção do desenvolvimento local, daí que urge incentivar a exploração do potencial económico existente nos distritos, exigindo-se, nesta perspectiva, uma maior representatividade das instituições financeiras.
“Com efeito, impõe-se o contínuo relaxamento dos condicionalismos para a abertura de estabelecimentos e de agências bancárias nas zonas rurais e adopção de iniciativas inovadoras que permitam ganhos e eficiência na disponibilização de produtos e serviços financeiros onde se revelem necessários”, defendeu.
“O Banco de Moçambique deve conhecer Moçambique Real ao longo de todo o território nacional”, sublinhou
Para o Presidente, “a actual conjuntura económica nacional, caracterizada pela subida generalizada dos níveis dos preços e por uma elevada depreciação do Metical (moeda nacional) face as principais moedas de referência, impõe-se também um enorme desafio no âmbito da condução da política cambial para garantir a estabilidade do sistema financeiro”.
Defendeu a necessidade de se proteger os agentes económicos, a correção de falhas no mercado, prevenção de riscos sistemáticos, correção de acções desviantes por parte das instituições financeiras e uma maior transparência, estabilidade e eficiência do sistema financeiro.
Dirigindo-se ao empossado, Nyusi disse que, com a sua indicação, pretende-se criar novo ímpeto e dinamismo no funcionamento do Banco de Moçambique de modo a responder com a eficácia, eficiência e efectividade ao objectivo de promover o bem-estar do povo.
Por sua vez, o novo Governador do Banco de Moçambique agradeceu a oportunidade que lhe foi proporcionado pelo Chefe de Estado de servir a Nação e contribuir para a defesa da estabilidade macro-económica e na promoção do bem-estar de todos os moçambicanos.
Mas, para isso, segundo Zandamela, impõe-se um esforço gigante de todos, não só do Banco de Moçambique, mas de toda a sociedade,” para restaurar e recuperar a nossa credibilidade, tanto interna como com a comunidade internacional”.
“Ao mesmo tempo temos de recuperar a confiança na economia moçambicana para que assim possamos contribuir para o que nós todos desejamos, que é crescimento económico sustentável, com maior justiça social e maior bem-estar para toda a sociedade moçambicana”, afirmou.
O novo timoneiro do Banco de Moçambique ocupa o cargo em substituição de Ernesto Gove, que terminou o mandato após dez anos no posto.
Rogério Zandamela é funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI), desde 1988, tendo exercido sucessivamente as funções de representante-residente da instituição no Brasil e de chefe de Missão do FMI para Arménia, Costa Rica, Gâmbia, Guatemala, Libéria, Malásia, Nicarágua, Peru, Trinidade e Tobago e Zimbabwe, no Departamento de Mercados Monetários e de Capital. 
(AIM)