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Nyusi recebe mediadores do diálogo entre Governo e Renamo

21/07/2016 10:25
Nyusi recebe mediadores do diálogo entre Governo e Renamo

O Presidente da República, Filipe Nyusi, recebeu hoje em audiência a equipa de mediadores propostos pela Renamo, maior partido da oposição, e pelo governo que vão auxiliar na criação de uma atmosfera para o 

encontro entre o Chefe de Estado e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para acabar com as hostilidades que afectam Moçambique, em particular na região centro do país.
No encontro havido na Presidência da República, em Maputo, Nyusi agradeceu, em primeiro lugar, a disponibilidade demonstrada pelos mediadores para se juntarem aos esforços visando restaurar o clima de paz no país e, para o efeito, descreveu o trilho que arrastou o país a actual situação.
As hostilidades militares, segundo o estadista moçambicano, despoletaram após a investidura, em Janeiro de 2015, do vencedor das quintas eleições gerais (Filipe Nyusi), cuja Renamo tratou de contestar por não terem sido, na sua óptica, livres, justas e transparentes.
Na sequência disso, foi criado um espaço para o diálogo, mas os dois encontros havidos entre Nyusi e Dhlakama resultaram no aval para a tomada de posse dos deputados daquele partido na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, nas Assembleias Provinciais bem como a submissão ao mais alto órgão legislativo da proposta para transformar as províncias em autarquias provinciais.
O conteúdo do documento não teve a resposta esperada pela Renamo, situação que levou a um momento de desentendimentos no pensamento que se agudizou com a retomada dos ataques militares por homens armados daquela força política nas estradas do país.
No contacto telefónico que o presidente disse ter mantido com o líder da Renamo, para que ambos pudessem manter um diálogo conducente a restauração da paz efectiva no país, Afonso Dhlakama colocou a necessidade de haver uma intermediação, pedido por ele aceite com vista a travar as mortes de inocentes nas investidas da insurreição militar daquela força força politica.
Nas cartas convite dirigidas a União Europeia (UE), a Igreja Católica, um histórico parceiro nos processos tanto de paz quanto de desenvolvimento do país, e a África do Sul, entidades propostas pela Renamo, o governo aceitou incondicionalmente. 
O governo, por seu turno, propôs a “African Governance Initiative”, liderada pelo ex-presidente do Botswana, Ketumule Masire, a Global Leadership Foundation liderada pelo ex-diplomata norte-americano, Chester Crocker, e a iniciativa do ex-primeiro ministro britânico, Tony Blair, e o ex-presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete.
“Neste processo, queremos que o vencedor seja o povo moçambicano, os interesses do povo assim como da soberania têm de prevalecer. Nós queremos continuar a ser um povo independente, que produz para o seu crescimento”, disse Nyusi, acrescentando que todos os moçambicanos querem continuar a crescer e a desenvolver para o seu bem-estar.
O presidente disse que não vai assumir nenhum papel preponderante no encontro, mas sim os 12 representantes (seis para cada lado) na comissão mista encarregue de preparar o encontro entre ele e o líder da Renamo.
A sua expectativa assim como a do povo moçambicano é que esse “dossier” termine no país e abra espaço para que se volte a concentrar na sua produção para a economia, investimentos nacionais e estrangeiros cujos países convidados têm um papel de relevo.
O país, segundo o presidente, tem uma constituição e uma lei eleitoral que, por sua vez, não são documentos estáticos, mas é preciso que os mediadores conheçam o seu conteúdo e como é que são manipulados. Existe um acervo documental que seguiu em 2013, acordos no passado assim como o Acordo Geral de Paz (AGP), assinado em 1992.
Essa documentação tem de estar disponível para ser revisitados e assegurar que os trabalhos não sejam feitos fora do trilho. Os mediadores poderão consultar, por outro lado, qualquer pessoa incluindo ele próprio no dossier de paz, para perceber como é que as coisas funcionam.