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Nyusi defende cautela na contenção de despesas

30/05/2016 08:10
Nyusi defende cautela na contenção de despesas

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defende cautelas na selecção dos sectores que devem ser objecto de medidas de contenção da despesa pública, sob pena de o país parar de produzir. Falando este Sábado no distrito de Chifunde, em conferência de imprensa que marcou o final da visita de trabalho de quatro dias 

a província central de Tete, Nyusi disse haver necessidade de se avaliar as actividades para identificar aquelas que devem ser subsidiadas, bem como a respectiva dimensão de apoio.“

Temos medidas de contenção, mas temos de ser cautelosos para que a contenção não vise actividades que podem comprometer a produção”, disse Filipe Nyusi, em resposta a uma pergunta sobre o futuro dos “sete milhões de meticais”, fundo atribuído anualmente aos distritos, face a actual conjuntura económica nacional, agudizada pela suspensão do apoio directo ao orçamento do Estado por parte de alguns parceiros de cooperação.
SegundoNyusi, este fundo, cujo objectivo é criar mais emprego, estimular a produção de comida e geração de renda, ainda não foi objecto de avaliação.
“Ainda não discutimos este fundo como um problema. O que estamos a fazer agora é um esforço no sentido de o país financiar a sua actividade produtiva”, disse o estadista moçambicano que, na província de Tete, escalou sucessivamente a cidade de Tete, e os distritos de Marara, Magoe Zumbo e Chifunde, onde orientou comícios populares, inaugurou e visitou empreendimentos económicos, reuniu com produtores de Tabaco, pescadores e combatentes da luta de libertação nacional, entre outras actividades.
Durante os comícios, Nyusi recebeu como principal mensagem o grito pela paz em Moçambique, beliscada pelos ataques mortais, incluindo a civis, dos homens armados da Renamo, principalmente no Centro do país.
“Não há criança, adulto ou idoso que não clama pela paz. Eles também não percebem como é que alguém reclama o poder, matando pessoas. Isto não é correto. Em muitas ocasiões evidenciamos o diálogo mas, mesmo assim, as pessoas continuam a ser mortas” disse Nyusi, acrescentando que “tudo está a ser feito para que a vida volte a normalidade no país”.
Em Chifunde, por exemplo, um cidadão que se identificou com o nome de Banda, encorajou o Presidente Nyusi a concentrar - se mais no desenvolvimento do país, indicando, contudo, a necessidade de informar ao líder da Renamo que a população já está cansada da guerra, caso se concretize o encontro entre ambos.
Banda também pediu a todos os cidadãos para disseminarem a mensagem de “não a guerra em Moçambique”, no seio das comunidades. 
“Se alguém desse grupo que mata e destrói bens está aqui no comício, por favor, também tem de levar esta mensagem para os seus colegas que estão lá no mato”, apelou Banda.
Milhares de moçambicanos foram forçados a se deslocar ao Malawi devido a instabilidade provocada pelos ataques da Renamo em alguns pontos do norte da província de Tete.
Na conferência de imprensa de balanço, Nyusi disse que o país está a gerir a problemática dos deslocados no sentido de eles encararem a vida da melhor forma possível, razão pela qual alguns já estão a retornar, de forma significativa, `as zonas de origem. 
“Mas o grande problema está no mentor da deslocação desses moçambicanos ao Malawi. Basta não se disparar que todos regressarão ou permanecerão nas zonas de origem a produzir”, afirmou Nyusi. 
Quanto aos projectos associados ao carvão mineral, em que empresas mineiras estão praticamente a paralisar as actividades, caso da ‘Jindal’, o presidente disse haver projectos de desenvolvimento de centrais térmicas em curso, incluindo desta mesma empresa de capitais indianos.
“Até agora não há sinais de que a energia está a mais ou pode saturar o mercado. Há sim sinais de que é um recurso cada vez mais necessário na dinamização da produção”, disse Nyusi, sublinhando, porem, que “não devemos chegar numa fase em que a exploração do carvão coloque o país numa situação de perdedor”.
Segundo Nyusi, há reservas que podem deixadas para o futuro, por conivência, do que explorá-las agora, a todo o preço.
Ele recordou que as minas de Moatize, por exemplo, ficaram muito tempo a espera até que as próprias condições do mercado determinaram a sua exploração de forma sustentável.
Contudo, devido a baixa do preço deste recurso no mercado internacional, a sua exploração voltou a estar comprometida.