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Novas variedades estimulam produtividade da mandioca em Nampula

19/07/2016 13:00
Novas variedades estimulam produtividade da mandioca em Nampula

Novas variedades libertadas pelo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) estão aumentar a produtividade da cultura de mandioca na província de Nampula, norte de Moçambique.

Naquela província, um número considerável de agricultores e camponeses cultivam o tubérculo da mandioca para alimentação e sustentar o fabrico da cerveja Impala. Esta é a primeira cerveja do mundo que tem a mandioca como um dos seus principais ingredientes. 
Por isso, e para evitar a ocorrência de bolsas de fome, a Dutch Agricultural Development & Trading Company DADTCO, empresa que compra e processa a mandioca e fornece a companhia Cervejas de Moçambique (CDM), está a distribuir gratuitamente novas variedades de alto rendimento em coordenação com a IIAM e o Centro Internacional de Desenvolvimento de Fertilizantes (IFDC)
Nesta parceria, o IIAM tem a missão de investigar e lançar as variedades, cabendo ao IFDC a responsabilidade de multiplicar e disseminá-las pelos agricultores, bem como providenciar a devida assistência técnica incentivando o uso de novas tecnologias agrícolas. 
O gerente de fornecimento da DADTCO, Teófilo Chalenger, disse que as variedades libertadas e que estão em uso na província de Nampula têm o potencial para atingir 30 toneladas de mandioca por hectare, contra as três toneladas produzidas pelas variedades tradicionais. 
“A ideia é para os produtores produzirem muito, para a venda e seu sustento em simultâneo. Por isso, nós proporcionamos estacas das novas variedades de alto rendimento e com maior produtividade”, disse Chalenger, que falava na II edição do Festival da Mandioca e da Batata-doce, um evento que teve lugar na quinta-feira no distrito de Murrupula, em Nampula.
“As novas variedades estão a aumentar os níveis de produtividade dos agricultores e nós testemunhamos isso no terreno. Tivemos um produtor que conseguiu produzir 36 toneladas em 1,2 hectares e isso é muito bom”, disse Isabel Mazive, representante da IFDC.
Das variedades liberadas pela IIAM recentemente, constam Orera, Eyope e colicanana.
“As pessoas estão a aderir muito a variedade de Eyope, porque é semi-doce e boa para o consumo assim como para comercialização. Mas, uma vez que a disseminação é lenta porque é feita anualmente, as populações ainda usam a variedade local”, explicou Chalenger
A mandioca constitui a base de alimentação e principal fonte de energia da maioria da população residente nas zonas rurais. 
Naquela província da região norte do país, os produtores comercializaram nos últimos seis meses cerca de 2.400 toneladas de mandioca que resultaram numa receita de encaixaram 4,8 milhões de meticais (cerca de 73 mil dólares ao câmbio actual) provenientes desta venda, facto que melhora a vida da população.
“Em termos de quantidades, a DADTCO compra 100 toneladas por semana, e aumentamos dependendo da demanda do consumidor que é a CDM. Nestas 100 toneladas, o produtor em dinheiro faz 200.000 meticais por semana nas comunidades em volta da AMPU”, disse Chalenger.
AMPU é uma fábrica móvel de processamento da mandioca que serve de elo de ligação entre os pequenos produtores de mandioca e a indústria. A sua missão é transformar a mandioca num produto comercial. 
A fábrica permanece cerca de três a quatro meses por ano nos distritos de Murrupula, Ribaué e Meconta, garantindo a um maior número de pequenos agricultores a possibilidade de um fornecimento contínuo. 
“A ideia de ficarmos em pouco tempo nos locais é para evitarmos criar bolsas de fome. Temos a consciência de que se ficarmos um ano num sítio o produtor vai vender tudo”, explicou. 
Os tubérculos são transformados numa espécie de “bolo” que pode ser armazenado por mais de seis meses para ser vendido à fábrica de cerveja. 
A cerveja Impala é feita por cerca de 70 por cento de mandioca e 30 por cento de malte, este último importado.
Em Moçambique, a DADTCO trabalha com nove mil agricultores dos quais seis mil na província meridional de Inhambane.