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Não há braço de ferro com FMI

19/09/2016 10:35
Não há braço de ferro com FMI

O Presidente da República, Filipe Nyusi, assevera que não existe um braço de ferro entre o Governo moçambicano e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a dívida pública contraída entre 2013 e 2014, cuja omissão levou a suspensão da ajuda ao país por parte desta instituição e de outros parceiros programáticos que apoiam directamente o Orçamento do Estado.

O Chefe do Estado confirmou que será feita uma auditoria independente para esclarecer os contornos da dívida estimada em mais de mil milhões de dólares, mas sublinhou que a mesma será feita pela Procuradoria-Geral da República de Moçambique.
Esta posição vai ao encontro do que o Governo moçambicano sempre defendeu que é incumbir à PGR a condução do processo.
Interagindo com a comunidade moçambicana em Houston, no quadro da sua visita de trabalho de quatro dias aos EUA, Nyusi explicou que a fase difícil que o país atravessa não se deve exclusivamente a questão da dívida, mas também a conjuntura global desfavorável e a fenómenos naturais como a estiagem e a seca derivada da escassez de chuvas, bem como a depreciação do metical face a outras moedas de referência como do dólar.
Disse igualmente que outro factor que influencia é o facto de o país ainda não produzir o suficiente para satisfazer as suas necessidades de consumo, razão pela qual insiste que o país deveria apostar na produção, aumento da produtividade e competitividade para reduzir as importações e aumentar as exportações.
O consenso entre o Governo e o FMI é o maior ganho da diplomacia económica do Presidente Nyusi que se deslocou aos EUA para se encontrar pessoalmente com dirigentes do FMI, do Banco Mundial e dos Estados Unidos ligados ao mundo da política, finanças e negócios.
Após os encontros com o Banco Mundial e a directora geral do FMI, Christine Lagarde, esta instituição de Bretton Woods anunciou em comunicado que as partes vão continuar a trabalhar juntos com vista ao restabelecimento do clima de confiança entre as partes. 
Com efeito, uma equipa técnica do FMI desloca-se próxima semana ao país para reavaliar as medidas correctivas em curso, desencadeadas pelo governo para restaurar a confiança da instituição, que se deteriorou após a descoberta de uma dívida não revelada, estimada em 1,4 mil milhões de dólares.
Na nota, a directora-geral salienta “a necessidade de novas medidas destinadas a estabilizar a economia e de esforços mais decisivos para melhorar a transparência, nomeadamente uma auditoria internacional e independente das empresas que foram financiadas no âmbito dos empréstimos divulgados em Abril de 2016”.
As empresas beneficiárias de empréstimos com o aval do Estado moçambicano são a Proindicus (622 milhões de dólares), Mozambique Assets Management (MAM – 535 milhões de dólares) e Empresa Moçambicana do Atum (Ematum – 850 milhões de dólares).
De acordo com o comunicado, Lagarde saúda a disponibilidade do Governo de trabalhar com o FMI sobre os termos de referência da auditoria liderada pela Procuradoria-Geral da República.
Em Houston, capital norte-americana do gás e petróleo, o Presidente da República visitou, entre outros empreendimentos económicos, a Anadarko, companhia que faz a prospecção de hidrocarbonetos na bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado.
(AIM)