Mural do Mestre Malangatana na UEM será restaurado
O mural do grande artista plástico Malangatana Valente Ngwenya, no campus da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), no recinto do Centro de Estudos Africanos, vai beneficiar brevemente de obras de restauração.
A intervenção surge após a abertura de furos para a colocação de canos das casas de banho, uma acção condenada em vários segmentos da sociedade civil, por ser vista como um sinal de desrespeito não só pela imensurável dimensão artística do autor, mas também à arte.
O Ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, que visitou recentemente o mural se mostrou agastado com a banalização da obra de Malangatana, e considerou a acção como um atentado grosseiro às artes.
Para corrigir o sucedido, o Ministério da Cultura e Turismo em parceria com a UEM trabalham no sentido de assegurar a restauração.
O Ministério da Cultura e Turismo já mandou ao local um especialista para se inteirar dos níveis de intervenção a serem levados a cabo para solucionar os danos causados ao mural, pintado em 1998.
Segundo Afonso Malace, do Museu Nacional de Arte, curador e especialista na área de conservação e restauro, o mural deverá passar por um restauro total pois para além dos locais furados, verifica-se lacunas na camada cromática. Isso deverá, também, ser solucionado.
No momento, tal como fez referência o especialista, está-se num processo de levantamento das necessidades, devido a complexidade do processo.
Temos que procurar materiais semelhantes ou iguais àqueles usados na obra original. O mural é diferente de uma tela, requer um tratamento especial e rigoroso, por causa da natureza do seu suporte, disse a fonte.
O curador aponta-nos dez passos por seguir durante o restauro, a documentação fotográfica do processo de restauro; fixação da camada cromática; limpeza superficial; preenchimento das faltas no suporte; preenchimento e integração do suporte; planificação do suporte; preenchimento e integração das faltas da camada cromática; retoque e integração da camada cromática face; harmonização e, por fim, a aplicação de protecção.
A acção de restauro irá abranger um outro mural de Malangatana, localizado no edifício do Comité da Cidade do Partido Frelimo, em Maputo, que não resistiu à acção do tempo, segundo uma nota do Ministério da Cultura e Turismo, recebido pela AIM.