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Matchedje motor vira oficina de reparação

26/09/2017 10:36
Matchedje motor vira oficina de reparação

Factores conjunturais, particularmente a flutuação da taxa de câmbio metical-dólar, forçaram a Matchedje Motor a interromper a montagem de viaturas em Moçambique, passando a uma oficina de reparação comum.

O semanário “Domingo” escreve na sua edição de hoje que esta empresa, criada há cerca de cinco anos, passou a dedicar-se a reparação de carros de diversas marcas e origens, incluindo os autocarros de transporte público pertencentes aos municípios de Maputo e Matola.

Quando a Matchedje foi instalada na Machava-sede, província de Maputo, pretendia-se que ela montasse viaturas diversas com destaque para mini-bus e de caixa aberta, e que os serviços de reparação seriam apenas de apoio. 
Cao Hong Lu, Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Matchedje Motor conta que a empresa estabeleceu-se em Moçambique cheia de ambição mas, chegada ao terreno só encontrou dificuldades que vão desde a falta de mão-de-obra qualificada à necessidade permanente de importação de todo o tipo de material de trabalho, o que fez com que o preço dos carros fosse muito alto.
Este facto, segundo o PCA, também concorreu para que os carros produzidos pela Matchedje Motor fossem incapazes de competir, em termos de preço, com os importados do Japão, sobretudo porque a maior parte dos potenciais compradores tem capacidade financeira limitada.
“Mesmo com a nossa presença, os carros usados continuam a ser importados e são uma “boa” opção para aqueles que esperávamos que se tornassem nossos clientes que são as famílias e empresas e parte considerável do sector privado”, disse citado pelo “Domingo”. 
Segundo Cao Hong, a empresa também tinha depositado confiança nas instituições do Estado que, geralmente fazem aquisições, mas estas observam sempre o critério do preço mais baixo.
O interlocutor referiu que num esforço para contrapor as adversidades criou capacidade interna para produzir todas as peças necessárias para a montagem de viaturas mas, logo a seguir, apercebeu-se que o mercado nacional não dispõe de mão-de-obra capaz de operar os equipamentos de produção.
“Para produzir aqui é preciso ter pessoal qualificado para responder às solicitações do mercado em toda a linha de produção, incluindo na construção de motores. Como não temos técnicos qualificados, voltamos a optar pela importação de peças”.
Com vista a fazer face à falta de quadros com habilitações técnicas, Cao Hong Lu disse que aquela empresa tem realizado acções de formação especializadas para os seus 50 trabalhadores, entretanto, observam-se desistências, uma vez que a empresa não está em condições de operacionalizar os equipamentos por falta de matéria-prima.
Lu disse acreditar que Moçambique pode produzir mais de metade do que importa e ser auto-suficiente, mas o principal impedimento tem sido a abertura prevalecente no domínio das importações que tem estado a minar as iniciativas de investimento interno e externo.
“Não faz sentido que os produtos importados continuem a ser mais baratos que os produzidos internamente mesmo depois de estes serem submetidos às taxas aduaneiras. Penso que este é o principal factor que concorre e estimula a apetência pelos produtos importados”.
Citou como exemplo a importação de frango congelado que, mesmo depois de pagar as taxas chega ao mercado nacional mais barato que o frango local, o que faz com que os avicultores não tenham capacidade para competir.
“Com o agravamento destas taxas vai se incentivar o produtor a aumentar a sua criação porque terá mercado e, se calhar, seria possível resolver o problema de défice e os preços seriam acessíveis para todos”, sublinhou.
Para reverter quadro, Lu defende que urge uma revisão em alta das taxas aduaneiras para desincentivar a corrida às importações por um lado e estimular a produção local de bens e serviços por outro, porque “as importações excessivas estão a prejudicar a economia”.
“Estamos interessados em fazer parte do processo de crescimento desta economia e temos capacidade para tal mas, julgamos que deve haver uma maior coordenação para que este problema seja ultrapassado”, disse.
(AIM)