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Gestão hospitalar deve ser mais implacável

14/07/2017 07:28
Gestão hospitalar deve ser mais implacável

A Gestão de uma unidade sanitária deve ser implacável e intolerante às más práticas que podem manchar e desacreditar o esforço feito no sentido de tornar o lugar num espaço de restauração da saúde dos doentes que buscam assistência.

A chamada de atenção foi feita pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, num encontro havido com os enfermeiros da província meridional de Gaza, no quadro da visita presidencial de três dias que, desde hoje, efectua àquela parcela do país.
“É preciso a capacidade de gestão, motivar os trabalhadores através de programas progressão na carreira, abrir espaço para novas ideias que podem contribuir para a melhoria do ambiente no local de trabalho”, disse Nyusi.
O Chefe de Estado moçambicano saudou o facto de, na sociedade moçambicana, os diversos erros que ocorrem nas unidades sanitárias e, nalguns casos resultam na morte de doentes, não serem até aqui associados a atitude dos enfermeiros.
A província de Gaza tem um universo de 875 enfermeiros das classes básica, média e superior, que estão distribuídos pelas 142 unidades sanitárias (hospitais, centros de saúde, postos médicos) que existem em várias partes.
No entanto, de entre os problemas apresentados ao Presidente da República constam a falta de material médico e cirúrgico, de protecção, salários baixos, não obstante serem a classe profissional que mais tempo fica nas unidades sanitárias a prestar os cuidados que os doentes necessitam.
A situação destes profissionais de saúde na província de Gaza, no que respeita ao rácio pacientes por enfermeiro, é muito preocupante, porquanto está longe da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) que é um para mil. Os enfermeiros debatem-se com dificuldades de continuar os estudos para melhorar a sua condição profissional.
Nyusi, que ouviu atentamente as questões levantadas, devolveu o repto aos enfermeiros e questionou se há ou não situações de roubo de medicamentos, cobranças ilícitas aos doentes nas unidades sanitárias e mau atendimento aos pacientes.
Na resposta às questões levantadas pelos representantes da classe na província, Nyusi disse que alguns derivam da decisão dos parceiros que cortaram o apoio ao orçamento, que grande parte era destinada também ao sector saúde.
A medida, segundo o presidente, complicou a gestão e o funcionamento do Aparelho do Estado, mas o governo procura fazer tudo ao seu alcance para assegurar que, pelo menos, os funcionários tenham o salário que considera algo “sagrado” na vida de cada trabalhador.
“O país registou uma situação de redução dos níveis de produção devido a seca severa, assim como a descida dos preços dos bens que exporta, situação que teve grande impacto no volume de receitas para o Estado”, explicou Nyusi.
A situação do país, segundo o presidente, foi a ponto de comparar-se a de um filho cujo pai cria as condições necessárias para o seu sucesso escolar, mas de um momento para o outro perde essas condições. 
“A perda dessas condições obriga o pai a reduzir, por exemplo, o número de cadernos que compra ao filho, ou livros”, disse Nyusi, argumentando que, no caso de livros, “na incapacidade de compra, o filho pode ser forçado a recorrer a cópias ou até mesmo compartilhar o material dos seus colegas, mas o certo é que não vai parar de estudar”.
O exemplo comparativo assemelha-se ao exercício que o governo está a realizar no sentido de garantir que o Estado funcione, mas, enquanto isso, os enfermeiros não devem deixar de transmitir amor e carinho aos doentes, essências que ajudam a devolver a saúde.
Apesar de não haver condições para responder aos problemas que a classe enfrenta, Nyusi disse ser preciso continuar a trabalhar no sentido de garantir aspectos básicos como uma boa limpeza nos hospitais, porque o agente de saúde deve ser o primeiro a dar exemplo dos cuidados que recomenda ao paciente.
O esforço de repúdio aos actos que mancham a classe como o roubo de medicamentos deve ser colectivo, como é o caso do roubo de medicamentos que acontece com a cumplicidade de alguns quadros da saúde.
(AIM)