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Criadores aproveitam vazio criado pelo banimento de importação de carnes da África do Sul

04/09/2017 09:02

Os criadores moçambicanos de gado reconhecem estar abertas as oportunidades para preencherem o vazio criado pelo recente banimento da importação de carnes da vizinha África do Sul.

Uma das condições apontadas como crucial para aproveitarem estas oportunidades tem a ver com o associativismo dos criadores.

Alguns passos desse associativismo já começaram a ser dados, graças aos contactos mantidos no âmbito da 53ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), que hoje termina.
As outras condições estão dependentes do governo, segundo afirma Victor Filipe, vice-presidente do pelouro do Agronegócio e Pescas da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
A fonte falava perante o Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, durante o leilão de gado bovino, que decorreu este sábado na FACIM.
O representante dos criadores disse haver tanta burocracia no tratamento de documentação necessária para os criadores comerciais levarem a cabo as suas actividades, o que faz com que percam mais tempo a resolverem, por exemplo, problemas de Direitos de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT), do que necessariamente a tratar do gado.
O roubo de gado e as queimadas são outros problemas expostos pelos criadores, bem como a redução do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC), de 32 para 10 por cento, medida que se espera venha impulsionar os criadores familiares.
“São problemas gravíssimos que têm que ser combatidos pelo Governo. Precisamos do apoio do Governo também para o melhoramento da cadeia de valor da carne bovina”, disse Filipe.
No entanto, nem tudo vai mal para os criadores: dizem estar satisfeitos pelo melhoramento genético e de raças que o governo desenvolveu para o sector comercial.
Os criadores estão ainda motivados pela actual revisão da Pauta Aduaneira, que entendem que vai melhorar a qualidade da carne através das engordas.
O Primeiro-ministro disse não estar surpreso em relação aos problemas apresentados, pois já são do conhecimento do governo.
Do Rosário disse ser do interesse do governo que se continue a produzir mais comida em Moçambique para garantir a segurança alimentar, daí que se mostra aberto para continuar a apoiar os produtores de gado e não só.
“Estaremos atentos às questões colocadas. O nosso governo e definiu como primeira prioridade a alimentação, apostando na produção de alimentos e, nesse caso concreto, de carne de todas as espécies”, disse o governante.
Para o Primeiro-ministro, devem-se aproveitar as oportunidades existentes e produzir-se carne, de modo a evitar a importação de carnes dos países vizinhos, porque o país tem condições agro-ecológicas mais do que suficientes para produzir alimentos, neste caso a carne.
(AIM)