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PMA encoraja políticas para resolver insegurança alimentar em Moçambique

17/10/2017 11:20
PMA encoraja políticas para resolver insegurança alimentar em Moçambique

O Programa Mundial para Alimentação (PMA) defende que Moçambique deve formular políticas para resolver problemas de insegurança alimentar e nutricional para o progresso do seu povo e para que a pressão da migração ilegal e dos refugiados não coloque peso adicional ao desenvolvimento o país.

A organização diz já estar a trabalhar para ajudar o governo moçambicano para o efeito.

Aliás, o plano estratégico do PMA visa contribuir para soluções locais e apoiar a capacidade do governo moçambicano de erradicar a fome e a desnutrição crónica até 2030. 
O posicionamento do PMA foi transmitido pela respectiva representante e directora nacional para Moçambique, Karine Manente, falando em conferência de imprensa conjunta realizada em Maputo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Internacional para Migração (OIM), por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, efeméride que hoje se assinala.
Segundo Manente, o PMA está a focalizar-se no apoio à resiliência aos choques climáticos e na protecção social a longo prazo para alcançar a meta estabelecida para 2030: “Fome Zero”. E, ao mesmo tempo, mantém a sua ajuda humanitária quando necessário. 
“O plano destina-se a garantir que as pessoas tenham acesso a alimentos nutritivos e ajudar a que se tornem mais resilientes aos choques climáticos a que Moçambique é cada vez mais propenso”, sublinhou.
Dados revelados, na ocasião, pelo representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada, apontam que pelo menos 24 por cento da população moçambicana ainda se encontra em situação de insegurança alimentar.
Se se considerarem os 27 milhões de habitantes a que o país tem, de acordo com as projecções do Censo Populacional, pode-se estimar que a percentagem de pessoas em insegurança alimentar corresponde a cerca de 6.5 milhoes de pessoas.
Contudo, o PMA considera que Moçambique está bem encaminhado rumo ao alcance da meta “Fome Zero” para 2030.
Para a organização, Moçambique já deu boas indicações na luta contra a pobreza, ao reduzir para a metade de 2003 até 2011, cumprindo, assim, os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio. 
Olhando para os objectivos do desenvolvimento do milénio, antes de termos os objectivos de desenvolvimento sustentável, o objectivo era de reduzir pela metade a fome. 
“Moçambique conseguiu reduzir para a metade a fome. Estava por volta de 56 por cento e agora 24 por cento, de acordo com a última medição havida em 2011. Há uma melhoria. E, com as políticas de investimento que existem, a perspectiva é que se possa chegar a zero até 2030. Este é o grande esforço que o país está a fazer com o apoio das Nações Unidas e outros parceiros”, disse a representante do PMA.
Para o PMA, as políticas a serem adoptadas pelo governo devem estar orientadas para alavancar a população das zonas rurais, onde se encontra cerca de 70 por cento dos moçambicanos a praticar agricultura de subsistência.
Estas medidas, segundo Manente, iriam impulsionar o desenvolvimento das zonas rurais e, consequentemente, reduzir as migrações.
A FAO, por sua vez, considera que essas políticas são fundamentais porque poderão criar formas de estar no meio rural e que aliciem os que lá vivem.
“É preciso direccionar algumas acções para os jovens, nas zonas rurais, fazendo com que se interessem pela actividade agropecuária ou outras com rendimentos e com possibilidades na cadeia de produção, como no agro-negócio ou na parte de comercialização até no pequeno processamento”, disse Camarada, da FAO.
Por seu turno, a Chefe de Missão da OIM em Moçambique, Katarina Schnoring, defendeu ser urgente que se intensifiquem esforços colectivos para construir a resistência das comunidades às migrações, aumentando os esforços para garantir a segurança alimentar.
Para Schnoring, é preciso que haja políticas que protejam a terra e a propriedade dos povos, visto que são o coração do desenvolvimento rural sustentável. 
Na sua óptica, a protecção dos direitos da terra, o acesso e a segurança da posse da terra com mecanismos justos e equilibrados de resolução de conflitos são uma prioridade que, se garantidos, reduzir-se-ia a elevada onda de migrações actualmente vistas do campo para a cidade.
“As populações rurais, que dependem muito da agricultura para alimentação, são particularmente vulneráveis a crises, desastres, e, portanto, migração. A protecção dos meios de subsistência rurais também deve ser uma prioridade no contexto da agro-empresa e da indústria, garantindo que as populações e as comunidades sejam empoderadas e compensadas, conforme apropriado, como parte das estratégicas de desenvolvimento de longo prazo”, sublinhou.
(AIM)