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MISAU discute novas abordagens na discussão sobre stress

17/10/2017 12:04
MISAU discute novas abordagens na discussão sobre stress

O Ministério da Saúde (MISAU) defende a necessidade de haver cada vez maior abertura na discussão de matérias relacionadas com o “stress”, no sentido de evitar que degenere em doenças graves de fórum psiquiátrico e as sérias consequências daí decorrentes.

O alerta foi emitido pela chefe do departamento de Saúde Mental, Lídia Gouveia, no decurso dos debates havidos hoje, em Maputo, para marcar a passagem do Dia Mundial de Saúde Mental, assinalado a 10 de Outubro.

Subordinado ao tema “Conversando sobre a saúde mental no local de trabalho”, o debate teve como objectivo chamar a atenção sobre a problemática da doença mental e a necessidade de tomar medidas para reduzir o estigma associado à doença no local do trabalho.
“É preciso ir desmistificando e falar abertamente do stress para não chegar a situações mais graves”, disse Gouveia, no evento que decorreu na sede da instituição e contou com a participação dos trabalhadores.
O stress, segundo Goveia, é considerado a pressão vivida por um indivíduo no seu local de trabalho, mas também qualquer outro tipo de pressão experimentada quotidianamente que pode desencadear naquilo que usualmente é chamado stress. 
Por outro lado, pode desencadear vários tipos de doenças de fórum psiquiátrico, onde as que mais se destacam são a depressão, a ansiedade até mesmo situações em que há uso abusivo de substâncias (toxico-dependência ou o consumo do álcool fora dos padrões normais).
No grupo das doenças afectivas, Moçambique registou, em 2016, um total de 10.196 consultas, com destaque para os casos de depressão, ansiedade e alguns distúrbios de humor ou afectivos com uma relação muito directa com a depressão e não só.
No mesmo ano, o país registou pelo menos seis mil consultas relacionadas com o uso de substâncias. “Mas no uso de substâncias, as pessoas que aparecem nas consultas são as que perderam as condições óptimas para o consumo (emprego, dinheiro ou mesmo a família) ”. 
Segundo Lídia Gouveia, o número de suicídios no mundo tem estado a aumentar, daí mais uma razão para abordar o tema abertamente para travar o agravamento do problema.
A fonte revelou que o país conta actualmente com 17 médicos e um total de 249 técnicos psiquiatras e possui, em cada distrito, um psiquiatra, mas o esforço é no sentido de aumentar o número de recursos humanos e as condições que permitem oferecer uma boa qualidade de assistência aos doentes.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) está cada vez mais preocupada com as doenças mentais que acabam por afectar um número cada vez maior de pessoas. Essas doenças foram, durante muito tempo, postas de lado, daí que a discussão do tema visa desmistificar e chamar a atenção de todos sobre a necessidade de deixarem de ter vergonha.
Segundo a OMS, mais de 12, 5 por cento do fardo de doenças é atribuído às perturbações mentais e neurológicas. 
Embora existam poucos dados factuais sobre os problemas de saúde mental na Região Africana, estudos realizados em alguns países indiciam que em cada seis doentes que procuram cuidados de saúde sofre de pelo menos um tipo de perturbação mental, neurológica ou de comportamento.
A nível mundial, estima-se que cerca de 10 por cento da população empregada possa ter interrompido a sua actividade laboral devido a depressão, sintomas associados a dificuldade em encontrar-se ou em tomar decisões, perdendo-se uma média de 36 dias de trabalho, o que se traduz na quebra de produtividade no trabalho.
(AIM)